20 dezembro 2005

Confluência de Sentidos

Literatura e (In)sobriedade da paixão nas palavras.....

«Dá-me a tua mão, companheira, até o Abismo da Ternura Derradeira.»

José Gomes Ferreira, in Poeta Militante - I
«O amor tem dentro dele o seu veneno, o seu contrário. E as palavras também têm dentro delas o seu contrário, o seu antídoto.»

Rui Zink, in Os Surfistas

«A tua mão distraída, passeando pelo meu peito, cheio de um estranho cansaço, juvenil e impaciente, «estou de rastos e quero mais». Será isto o amor?»

Júlio Machado Vaz, in Estes Difíceis Amores

«Por via desse amor mágico que desafiava o poder da morte, conhecíamos todo o passado habitado pela espera do nosso encontro, trocávamos recordações dos lugares onde nunca estivéramos, emoções dos corpos que já não éramos, (...)»

Álvaro Guerra, in No Jardim das Paixões Extintas

«Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.»

Vinicius de Moraes, in O Operário em Construção

«Também de meu amor precisas para ser feliz, desse amor de impurezas, errado e torto, devasso e ardente, que te faz sofrer.»

Jorge Amado, in Dona Flor e Seus Dois Maridos
«Amo-te com a infinita, extasiada piedade da paixão, amo-te quando suas no teu sono e eu bebo cada gota de ti percorrendo-te poro a poro com a avidez da língua.»

António Lobo Antunes, in A Ordem Natural das Coisas

«Mas amor, meu amor, porque foi que viemos a nos abandonar um ao outro; como é que eu e tu deixámos que entre nós se interpusesse esta aparência de abandono?»

Nuno Bragança, in Directa

«Rastejando, entre cacos, me aproximo.
Não quero, mas preciso tocar pele de homem,
avaliar o frio, ver a cor, ver o silêncio,
conhecer um novo amigo e nele me derramar.»

Carlos Drummond de Andrade, in Antologia Poética

«Quero-te como se fosses a presa indiferente, a mais obscura das amantes. Quero o teu rosto de brancos cansaços, as tuas mãos que hesitam, cada uma das palavras que sem querer me deste. (...)»

Nuno Júdice, in Poesia Reunida
«Mas haverá amor, digno desse nome, que não seja de perdição?»

Luís Francisco Rebello, in Todo o Amor é Amor de Perdição

«Viver é muito fácil, porque meço a partir de ti o norte e o sul. Basta que existas para que os meridianos se arrumem e os oceanos não transbordem.»

Teolinda Gersão, in A Árvore das Palavras

«A chuva ia e vinha como uma cortina que ora se fecha ora se esgarça, e ele acrescentou, com o candeeiro levantado e os olhos cravados nos dela - «Nunca te dei nada».»

Lídia Jorge, in O Vale da Paixão

«O amor que te tenho deixa-me totalmente indefesa, sem pele e sem mobilidade. Esse é o sinal do grande amor, qualquer dúvida torna-se intolerável.»

Maria Velho da Costa, in Missa in Albis

«Felicidade é a certeza de que nossa vida não está se passando inutilmente.»

Erico Verissimo, in Olhai os Lírios do Campo

E para terminar estes intensos momentos literários deixo, mais um bom momento (não do Sr. Pedro Abrunhosa) inserido na Obra Poética de Manuel Alegre:

«E quanto mais te perco mais te encontro morrendo e renascendo e sempre
pronto para em ti me encontrar e me perder.»

15 dezembro 2005

O Nosso Fernando Pessoa sempre a Surpreender

Para vocês, amigos/as, que tanto prezo...

"Um dia a maioria de nós irá separar-se.
Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que partilhamos.
Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das vésperas dos finais de semana, dos finais de ano, enfim... do companheirismo vivido.
Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre. Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve cada um vai para seu lado, seja pelo destino ou por algum desentendimento, segue a sua vida. Talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe...nas cartas que trocaremos. Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices... Aí, os dias vão passar, meses... anos... até este contacto se tornar cada vez mais raro. Vamo-nos perder no tempo.... Um dia os nossos filhos verão as nossas fotografias e perguntarão: "Quem são aquelas pessoas?" Diremos...que eram nossos amigos e...... isso vai doer tanto!-"Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons anos da minha vida!" A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente...... Quando o nosso grupo estiver incompleto... reunir-nos-emos para um último adeus de um amigo. E, entre lágrima abraçar-nos-emos. Então faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante.
Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vida,isolada do passado. E perder-nos-emos no tempo..... Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades.... Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!"

Fernando Pessoa

03 dezembro 2005

A ti...

Pensei que fosse mais simples, ouvir-te e ter-te sem reservas, mas na verdade tudo é diferente. Os planos não tomam corpo, ficam na mente. Queria que as palavras do título de Inês Pedrosa ('Fazes-me Falta') fugissem de mim. Queria esquecer-me que tanta coisa existe para não sofrer. Mas que seria do mundo se tudo fosse um arco-íris resplandescente? Que seria do mundo se as dificuldades, as adversidades e as contrariedades não existissem? Que seria de mim se TU não existisses?! Obrigada por me fazeres feliz....