30 dezembro 2007

Para trás ficou...


Olho sem ver e sinto um vazio.
Não apenas por os lugares do lado estarem de vago, mas por esta nuvem de solidão, que avisto antes da chuva inundar-me a tristeza…
São retratos dos meus silêncios…
Em que eu, muda, vacilo na multiplicidade de quereres e desordens dos instantes que já passaram e me fizeram imensamente feliz.
Hoje é um dia feliz.
Todos os dias o podem ser…
A saudade inunda a alma e invade os meus olhos de emoções…
Eles não mentem.
São fiéis ao meu coração…
É pena, mas há sempre algo que fica para trás sem qualquer despedida…

22 dezembro 2007

Já não...


Cheguei sem sentido.
Encontrei o que não via mas sempre conheci.
Habituei-me a estar.
Está tudo na mesma, mas eu não estou.
E, onde estarei?
Fiquei sem alma de tanto tentar viver ou sobreviver…
A chuva teima em cair.
Apesar do calor de braços.
Do cheiro do vento e de estar aqui.
Já não sei sentir.
Já não sei partir.
Já não sei fugir.
Já não sei consumir.
Fugindo não consumo a partida porque estou a senti-la demais…

05 dezembro 2007

ADEUS TRISTEZA... ATÉ DEPOIS...


Fernando Tordo : Adeus tristeza
Letra e música: Fernando Tordo In: "Adeus tristeza", 1983 Victor Almeida

Na minha vida tive palmas e fracassos
Fui amargura feita notas e compassos
Aconteceu-me estar no palco atrás do pano
Tive a promessa de um contrato por um ano
A entrevista que era boa
E o meu futuro foi aquilo que se viu

Na minha vida tive beijos e empurrões
Esqueci a fome num banquete de ilusões
Não entendi a maior parte dos amores
Só percebi que alguns deixaram muitas dores
Fiz as cantigas que afinal ninguém ouviu
E o meu futuro foi aquilo que se viu

[Refrão:]

Adeus tristeza, até depois
Chamo-te triste por sentir que entre os dois
Não há mais nada pra fazer ou conversar
Chegou a hora de acabar

Na minha vida fiz viagens de ida e volta
Cantei de tudo por ser um cantor à solta
Devagarinho num couplé pra começar
Com muita força no refrão que é popular
Mas outra vez a triste sorte não sorriu
E o meu futuro foi aquilo que se viu

[Refrão]

Na minha vida fui sempre um outro qualquer
Era tão fácil, bastava apenas escolher
Escolher-me a mim, pensei que isso era vaidade
Mas já passou, não sou melhor mas sou verdade
Não ando cá para sofrer mas para viver
E o meu futuro há-de ser o que eu quiser

[Refrão]

03 dezembro 2007

QUERO SENTIR


Parei para escutar
O bater do coração
Hesitei…. Um momento
Queria usar a razão…

Pedi desejos às estrelas
Porque queria ter-t‘a meu lado…
Entrei no sonho…
Quando devia ter acordado.

Quero sentir
Que estou em ti
Para sempre…

Se partir
Vais comigo
Eternamente…

Vou ouvir a melodia
Que te traz ao meu encontro
E sentir dia-após-dia
Esse amor quase louco…

No aconchego do teu calor
Adormeço… Desperto…
A beleza dum amor
Que nunca esteve perto…

Esperei pelo sorriso
E devolvi-m’a paz
Esse beijo indeciso
O teu jeito incapaz…

27 novembro 2007

Não estaremos todos?


Testar limites.
Testar os nossos limites.
Não saber o que o amanhã nos reserva…
Acreditar nas capacidades que temos…
Tentar não falhar nas solicitações…
Encontrar respostas para ser feliz…
Ter alguém por perto para devolver um sorriso…
Fazer da incerteza a maneira mais gratificante de respirar cada segundo como se fosse o último…
Sinto demais… tudo o que encontro e faz parte do meu mundo…
Todos os dias são bons dias para sermos honestos connosco e responder aos devaneios da vida que quero consumir sem pressa para poder saboreá-los momento a momento…
A perfeição não existe?!
Temos que ir buscá-la e respirá-la…
A cada dia tudo pode ser mais e mais perfeito!

23 novembro 2007

Importante...



“O importante não é o momento em que conhecemos as pessoas, e sim, o momento em que elas passam a ser importantes para nós.”

Conheço muitas pessoas importantes… é verdade.
Mas as mais importantes são aquelas que me fazem sentir que estou viva!
São aquelas indissociáveis da minha alma por qualquer motivo.
Sei que há várias passageiras, mas que na sua passagem me inundam de esperança, felicidade, alegria e vida…
Capto as suas mensagens e deixo-as partir livres… porque absorvi e aprendi alguma coisa com elas…
Ter ouvido e olho atento para aprender é um dom…
A resolução dos enigmas das mensagens transcendentes ecoa em mim e eu sei disso…
Continuo na busca pelo meu lugar ao sol…
O tempo, o espaço, o ritmo… pouco valor têm…
A cada passo que dou sinto que vou ficando mais perto…

09 novembro 2007

Eu Condeno...


Condenemos as palavras…
Mas nunca o nosso olhar….
Ele despe e entrega todo o nosso corpo, toda a nossa alma…
Todo o nosso ser…

Condenemos os sentimentos…
Porque os sentimos mesmo sem querer.
Talvez essa injustiça traga agradáveis surpresas…
Agarro-me a essa esperança porque sentir é a forma mais bonita de viver…

06 novembro 2007

Aos momentos inoportunos...



É na imperfeição de algumas palavras, tristes, cabisbaixas que te encontro no abismo…
Trôpego, vociferando as incongruências de um sofrer grande e custoso.
Não sei o que te dizer, não sei como te alcançar e qual toque escolher para tornar o teu sofrimento bem menos doloroso…
Estou muito perto de ti mas não consigo soletrar uma única palavra, porque aquilo que vejo é uma imagem cruel demais… para ser descrita.
‘Ele morreu enquanto estava vivo’ (Paulo Coelho – Sou Como O Rio Que Flui)
E tantas vezes é essa a experiência deprimente que fazemos da nossa vida.
Carpe Diem… para sempre é o que desejo imbuir no teu ser…
Mas é esta a parte em que eu digo que ‘não sei’ (como) e a minha ignorância alcança.


Acho que “aconteceu tudo o que tinha de acontecer, e não aconteceu nada.” (idem) E basta esse nada para me encher de esperança em ti...

30 outubro 2007

Provérbio grego!


Há um provérbio grego que diz “começar já é metade de toda a acção”.
É nele que me concentro quando o desatino é o caminho mais fácil de seguir...
Sou capaz de tudo se a minha voz interior quiser acreditar nessas palavras.
Falham-me as forças, sem raciocínio.
Aguardo momentos de réstias de inteligência.
Domino a minha vontade de tentar desistir, porque esse nunca foi o meu destino.

Parei de olhar para trás, apesar de não saber os passos certos para seguir em frente.
O rasgo do teu olhar é mais forte, seguro e ampara-me. Talvez ele saiba guiar-me nas fraquezas que me encontram...

O dom de Amar...


Amo tanto que mal sei evadir-me do sentimento que me preenche a vida.
Amar é um dom.
Amar torna tudo diferente.
Mostra as cores mais bonitas duma pessoa e deixa para trás a tristeza de um viver só...
Amo todos os dias com um simples olhar qualquer coisa.
Persigo o amor e deixo-me prender a ele...
É uma busca que me dá toda a estabilidade necessária para viver.
É um sentir que me enche de vida e me faz acreditar que amar a vida, amar a família, amar um amigo, amar algo ou alguém é contruir uma ponte com várias artérias e vias que chegue a vários corações...

20 outubro 2007

Where Are You?



Entrego-te o meu sentir.
Se é que já não o sentes…
Sussurro-te memórias esquecidas,
Sentidas…
Que ainda não preenches.

Fujo da intensidade de te ver
Controlo o instinto que me persegue
Construo-te sem saber
Mas não sossego.

Vivo sem nada saber de ti…
Contorno a tua imagem…
Talvez um dia surjas na minha vida…
Ou talvez na minha viagem…

Qual o brilho dos teus olhos?
Qual a cor do teu sorriso?
Quais as tuas feições?

Ofusca-me a memória...
O tempo é impreciso...

Encontra-me na tua história...


"Sê a mudança que queres ver no mundo."

Mahatma Ghandi


20 setembro 2007

Missão Corvo!


Acabou de passar um bando de Gaivotas.
O mar está calmo e convida ao banho.
Passo e avisto-o do alto para não me tentar...
Entre o barulho das ondas a bater contra os rochedos vulcânicos, delicio-me com esta banda compassada em que o mar é o instrumento musical e as gaivotas, as cantoras de serviço!
O maestro dispensa-se pela espontaneidade de sons...

Estou na Ilha do Corvo, a ilha mais pequenina do arquipélago dos Açores, há quem diga até que é a mascote pelo seu tamanho!
Não nego que estava curiosa por ver de perto se a ideia de que o tamanho importa aqui se podia subscrever.
Tal como nas pessoas a primeira impressão é a que conta para mim... E a imagem que fiquei era verde de esperança pintada com um amontoado branco e tranquilo do casario da vila.

Não era a única curiosa, pois por onde passava e ainda passo não deixo ninguém indiferente até porque acabo por ser uma ‘novidade’...
Aqui as pessoas retraem-se no seu canto, pois têm medos fundados de trapaças de um passado recente.

Para primeiro dia explorei quase a ilha toda. (Não é difícil!!!) O cansaço era algum e o tempo também começou a mudar. Mais oportunidades hão-de acontecer e andarei à descoberta, não digo que será de mapa e bússola na mão, porque perderia muito tempo a achar-me, mas irei passo-a-passo até onde as pernas me levarem. Eu gosto de caminhar.

Bastou uma semana para lentamente ir conhecendo as pessoas que lideram a ilha. Vi muitos mais rostos, e a pouco e pouco vou decorando os seus nomes. Nesta semana consegui, entre outras coisas, ter um pedacinho de tempo para calcorrear os locais mais pitorescos e turísticos. Apesar de já ter visto muita coisa acho que existirão sempre muitos sítios a explorar. Basta o tempo mudar e encontro outra paisagem no mesmo sítio...

Sinto as nuvens chamando entre sussurros a chuva. O clima das ilhas acaba por ter esta magia de mostrar todas as estações no mesmo dia ou até mesmo em algumas horas. E tem tendência a apanhar-me sempre desprevenida.

Viagens e voltinhas à parte....
Lá no alto voei para chegar cá.
As milhas que percorri levaram junto do vento e das nuvens os pensamentos mais desajustados.
Baralhou-os e mergulhou-os nas ondas do mar…
Tornaram-se segredos preciosos fechados nas ostras como as pérolas…
Foram momentos descompensados de tempo…
Mas enriquecedores da alma…

Fica uma frase que me tem acompanhado aqui: “Amanhã à mesma hora!”

14 setembro 2007

I am what I am....


“Whether we write or speak or do but look
We are even unapparent.
What we are,
Cannot be transfused into words or book.
Our soul from us is infinitely far.
However much we give our thoughts the will to be our soul and gesture it abroad,
Our hearts are incommunicable still.
In what we show ourselves we are ignored.
The abyss from soul cannot be bridged by any skill of thought or trick of seeming.
Unto our very selfs we are abridged when we would utter to our thought our being.
We are our dreams of ourselves, soul by gleams, and each to each other dreams of other dreams…”
Enviaram-me por sms e eu guardei... partilho porque gostei!

11 setembro 2007

Cheguei...


Voei até cá chegar…
Atravessei muitas adversidades e agora estou aqui.
Vejo o colorido desta flor e mais adiante a minha nova casa…
Cheguei à nova casa e senti-me bem.
Ainda bem que os braços se abrem quando outros se fecham.
Ainda bem que as portas e janelas se abrem quando se julga que elas já nem existem.
Estou no meu gabinete e avisto e ouço as ondas do mar…
São estas portas e travessas que entusiasmam o meu viver.
Estou cá de corpo e até de alma….
Acordo ao som das ondas e adormeço com a mesma melodia.
Todos os dias podem ser meus.
Desde que eu queira.
Vale a pena tentar…
Nem que seja sempre:
SÓ MAIS UMA VEZ!

31 agosto 2007

Entre marés...

Cada minuto devia ter 100 segundos…
Para uns seria demasiado tempo, para outros seria ainda muito pouco para concluir as tarefas a que se propõem.
Nesta comparação ambígua de falar de tempo…
O que preciso é que ele passe rápido ou tão rápido quanto possível para não haver pausas para pensar…
No que existe,
No que existiu
Ou até mesmo no que deixou de existir.
Acolho todas as novidades como uma presença necessária.



Como se congela um sorriso?
Acho que apenas na minha memória os congelei.
Os meus, os teus…
Os nossos… cúmplices…
Guardo com saudade.
Guardo com todo o amor que nos une.
Guardo a imagem, o sorriso, a felicidade…
da tua presença toda ela sorrindo (para mim)!
São estas as memórias de ti que me fazem sempre feliz.

Pressa




Pressa.
Apenas pressa é o que cada vez mais temos que conviver…
Para quê tanta pressa se a vida se consome tão depressa?
Há que saboreá-la a cada grão de areia que se pisa…
Vale mais viver pouco,
Mas viver de tudo um pouco.
Com dignidade suprema.

“Tanto o optimista como o pessimista acabam por morrer. Mas os dois aproveitaram a vida de maneiras completamente diferentes.”


Shimon Peres in ‘Sou como o Rio que Flui’ de Paulo Coelho

Existe?!


Sou um livro aberto.
Não sei quantas páginas terei…
Ainda não escrevi o FIM.
Não sei se tenho medo de adormecer ou de acordar.
A cada dia que passa prefiro a minha solidão como companhia.
Acho que estou cansada da vida.
E triste por a conhecer.
Tento desligar o botão das amarguras,
Tento devolver sorrisos…
Mas ser altruísta não compensa.
Junto de estranhos chego ao cúmulo do sorriso mútuo que é muito mais que solidário…
Preciso da Epifania…
Desejo-a para tentar encontrar-me…
De uma vez por todas acho que preciso da manifestação de carinho que sei que existe.
Sinto-me exausta da vida…
É essa a revelação…

Afinal, nem sempre há um depois…

23 agosto 2007

VOAR... nas asas da vontade de...


Enquanto conduzia uma música veio ao meu encontro… “Learning To Fly” dos Pink Floyd…
As mensagens que recebemos todos os dias na maior parte das vezes passam bem despercebidas, mas garanto que andam por aí é só prestar atenção.
Quando mais ninguém, se não nós conseguimos dar respostas às nossas inquietações há que não ser imune aos sinais enviados do além…
XXX
Nisto sou capaz de repetir para mim própria: “Nada.” Exactamente por não se passar nada. E, talvez seja isso que me incomoda.
Misturo o querer, a obrigação e intrinsecamente já estava ligada a esse passo de crescer… Não dei conta, não deste conta… Fui-me deixando levar…
Vejo a sensibilidade em debandada permanente…
Rendo-me às evidências…
E recolho-me no meu quarto. Vou deixar embalar-me pelo cansaço do corpo. E entrar no mundo dos sonhos, que espero que sejam deliciosos, com sabor a algodão doce…
Espero encontrar-te lá. E a todos os que me fazem feliz…
Sei que nos sonhos tudo é perfeito ou passa lá perto.
E assim caio no realismo surreal da minha vida.

21 agosto 2007

Estaremos inocentes no sentir?


Encontraremo-nos...


"Ninguém avança pela vida em linha recta. Muitas vezes, não paramos nas estações indicadas no horário. Por vezes, saímos dos trilhos. Por vezes, perdemo-nos, ou levantamos voo e desaparecemos como pó. As viagens mais incríveis fazem-se às vezes sem se sair do mesmo lugar. No espaço de alguns minutos, certos indivíduos vivem aquilo que um mortal comum levaria toda a sua vida a viver. Alguns gastam um sem número de vidas no decurso da sua estadia cá em baixo. Alguns crescem como cogumelos, enquanto outros ficam inelutavelmente para trás, atolados no caminho. Aquilo que, momento a momento, se passa na vida de um homem é para sempre insondável. É absolutamente impossível que alguém conte a história toda, por muito limitado que seja o fragmento da nossa vida que decidamos tratar."

By Henry Miller, in "O Mundo do Sexo"

20 agosto 2007

Bem Hajam!


Muitos são aqueles que continuam a fazer acontecer...
Mulheres e homens sem rosto que são a prova da força da vontade de viver...
Parecem esquecidos e vagueiam num corropio dia após dia...
Fazendo o mundo girar...

A todos os Desconhecidos esquecidos (ou não) passo a mensagem:

«Somos todos protagonistas da nossa existência e, muitas vezes, são os
heróis anónimos que deixam as marcas mais duradouras.»


in "Ser Como o Rio que Flui" de Paulo Coelho

«Às Vezes»



"Às vezes tenho ideias felizes,
Ideias subitamente felizes, em ideias
E nas palavras em que naturalmente se despegam...

Depois de escrever, leio...
Por que escrevi isto?
Onde fui buscar isto?
De onde me veio isto?
Isto é melhor do que eu...
Seremos nós neste mundo apenas canetas com tinta
Com que alguém escreve a valer o que nós aqui traçamos?..."



"Às Vezes" de Álvaro de Campos

Trouxe-te comigo....




“Somente

a Lua dos poetas

e os Olhos dos

apaixonados

brilham mais do

que o Sol...”

Autor desconhecido

15 agosto 2007

A...........


Quero prender-me a ti…
Com as algemas da alma…
Quero sorver cada momento que respiras.
Extrair de ti tudo o que me faz feliz…
A tua presença,
A tua demência,
O teu toque,
O calor dos teus braços entrelaçados no meu tronco na sombra de me ver fraquejar…
Sinto que és tudo para mim, quando ninguém é de ninguém…
Acalmas-me…
Afagas-me…
Entusiasmas o meu simples viver…
Adormecido e sempre desperto e descoberto por ti…
As palavras que uso recolhem a essência do medo de algum dia te perder e não haver nada mais para contar…
Existes para mim porque vives em mim…
Desde o dia em que te conheci…
És autêntico…
Adorável…
Intenso…
Denso…
Profundo…
És.
Existes.
E isso é o suficiente para a minha vida fazer sentido…
E multiplicar tudo o que de bom há em mim…
Talvez lentamente te dispa esse disfarce que não consegues abandonar…
E te faça sentir todo o colorido da vida…
A...........

02 agosto 2007

Histórias e Encontros com a realidade...




Tempo de Mudança…

Outro dia, em conversa com o meu pai percebi o porquê deste tempo estranho e indeciso…
Segundo a minha avó e a sua sabedoria popular, ela dizia qualquer coisa como: Deus disse que quando o homem pensasse saber mais do que Ele, que lhe trocava os tempos!
Parece que é o que está a acontecer… as estações confundem-se… como muitas outras coisas…
Vivemos o caos discreto duma sociedade que não se impõe por regras, mas por delírios evasivos cujas respostas e regras são ditadas por recalcamentos que já não fazem sentido…





«Os outros»

Tinha quatro anos e meio e referia-se a eles como os ‘outros’. Era ainda uma criança, mas já tinha sofrido a tristeza de ter sido abandonado pelos pais biológicos (‘os outros’)…
Depois da adopção reconheceu as palavras pai e mãe e ainda os afectos da avó que se entregou de corpo e alma àquela dádiva. Àquela bênção.
Tão tenra idade e já sabia quem o fazia feliz…
Essas pessoas tinham nomes.
Tinha entrado numa verdadeira família… apenas não esquecia os avós da parte ‘dos outros’… que lhe foram afastados pelos ‘outros’.
São estes os dons das crianças…
Criam laços…
Junto do Amor que lhes é dado!





Almas caídas…

São vultos, almas, esqueletos até…
Parecem esquecidos à margem de tudo.
Caminham, rastejam, vivem num outro mundo…
São velhos ou estarão velhos?
O seu espírito estará mais perto ou mais longe da realidade?
Vivem num outro mundo.
Um mundo qualquer…
Já pouco ouvem as vozes da vida…
Cambaleiam… magros, gordos, senis, trôpegos, com idade ou sem idade…
Já não se chamam velhos do Restelo, pois já não têm voz para gritar o que a idade lhes deu: inconformidade e melancolia.
São os loucos de amanhã…
E dão os primeiros passos hoje.





Filha única

Lígia era filha única. Tinha pouca idade mas já falava como ‘gente grande’.
Trazia um vestido azul bebé com uma boneca enorme.
A bolsa a tiracolo, o cabelo negro curto e os óculos em arame preto davam-lhe a suavidade doce, duma miúda encantadora.
No rosto tinha a expressão habituada da solidão.
Chegou junto a mim retraída.
O seu pai deixara-a ao pé de mim e dos meus bonecos.
Alguns viriam a ser seus, mais para a frente.
Disse que me queria ajudar a vender, porque gostava de ajudar os outros.
Predispus-me a ouvi-la e ela contou-me tudo o que conseguiu dizer nos instantes em que o pai se ausentara.
Era tímida, mas bastou pô-la à vontade para me contar o mundo que a acolhia dia-a-dia.
Confessou que adorava ter uma irmã para poder brincar e ensinar-lhe muitas coisas…
Ouvi-a com a satisfação de ver uma criança feliz, dei-lhe toda a minha atenção. E isso bastava-lhe.
Era vulgar Lígia aguardar o pai, enquanto ele trabalhava.
Uma rotina que a deixava aborrecida.
O pai da pequena Lígia regressou.
Logo quando ela estava apegada à minha companhia.
Era tempo da despedida.
Agarrou-se ao meu pescoço e deu-me dois beijos.
Tinha ganho uma pequena nova amiga…
O pai ficara surpreso por aquela atitude espontânea.





Número três inoportuno…

Maria estava desanimada.
O rumo da sua vida tinha tomado todos os rumos que nunca julgara que pudesse ser possível alcançar.
Era mais uma visita à sua filha, de 32 anos, paraplégica.
Que na sexta-feira seguinte regressava a casa…
Abeirou-se de mim…
À procura dum ombro ou até mesmo dum desabafo com alguém desconhecido. Chegou a pedir desculpa, pelas confidências…
A voz de Maria era sumida num choro contido.
Os seus olhos lacrimejavam enquanto contava o drama que a sua vida se tornara.
Esta mulher sofreu grandes perdas…
O seu karma era trágico.
O pesadelo começou quando à sua outra filha foi diagnosticado um cancro genético por parte do marido. A rapariga, com o sistema linfático minado pela doença teria um fim rápido.
O pai de Maria, médico, foi quem lhe deu a notícia que a filha tinha pouco tempo de vida. Já não havia mais nada a fazer, senão ser forte e oferecer todo o carinho possível e imaginário à jovem que viria a falecer aos 21 anos.
Não refeita da perda, três anos depois, é o marido quem a abandona abalroado pela doença vil genética. O número 3 estaria ainda presente, porque tinha falecido três dias depois da sua filha mais velha completar 27 anos. Era Natal, mas foi a infelicidade quem bateu à porta.
Maria olhava-me com tristeza da sua sorte e levara uma boneca de trapos com tranças amarelas para oferecer à sua ‘pequena’ de 32 anos…
Comentava que ia levar simbolicamente naquela boneca a irmã que já tinha partido… para lhe fazer companhia…
Maria encontrou um subterfúgio no amor aqueles que lhe restam.
Teve o pulso para pegar no leme e nunca abandonar o barco…
Pediu desculpa pelo desabafo, disse que eu não tinha nada que a estar a ouvir…
Tirei uma lição:
A tristeza e a perda são grandes demais, para a impaciência dos caprichos…
Como diz a canção: ‘A vida é tão curta… tão rara…’





Dá que pensar…

Entrou.
Estava calado.
Devia ter aproximadamente 8, 9 anos não mais.
Trazia a mochila às costas, rumo à escola.
Sentou-se no primeiro lugar disponível no autocarro.
Na paragem, enquanto aguardava o autocarro havia dito a outros passageiros que ia visitar e falar com o pai.
Algumas paragens à frente, o miúdo saiu todo satisfeito ao encontro do pai.
Apesar de toda a satisfação do menino, o pai já tinha partido, ainda jovem, há cerca de um ano devido a doença grave.
Antes das aulas, a criança passava religiosamente no cemitério para falar com o pai.
Ele dizia, que conversavam e brincavam muito… os dois.
Respiro fundo e só consigo pensar que:

A vida é mesmo como um autocarro.
“Fora o motorista, é tudo PASSAGEIRO…”
Há que aproveitar a viagem…



«A vida não é medida pelas vezes que respiramos, mas sim pelas vezes que nos tiram a respiração ...»

31 julho 2007

http://vivemosdemomentos.blogspot.com completa 2º Aniversário



É preciso saber esperar…
Calcular o tempo ao pormenor…
Ir em busca do desconhecido…
Já disse que foi por acaso que este Blog surgiu e hoje cumpre o seu segundo aniversário!
Neste último ano as fotos e textos deste blog deram origem a uma exposição de fotografia em Elvas (ver arquivo Novembro 2006)…
Sinto-me bem por partilhar histórias, momentos, desabafos, tristezas, sorrisos por isso deixo aqui uma imagem… para uns sombria… para outros duma beleza extrema….
Um luar, numa dessas noites bem perto da lua cheia…
Junto ao mar…
A minha essência é assim…
Um sorriso de lua em quarto crescente, emaranhado na noite escura de um dia menos bom…
Há um ano atrás introduzi uma novidade… um contador de visitas… e os resultados satisfazem-me plenamente… recentemente atentei nas estatísticas e fiquei maravilhada com as visitas que recebo… de todos os cantos do mundo…
E o tempo que essas mesmas visitas duram… chegam a durar mais de uma hora….
É bom sentir que chego perto…
É um aconchego sincero e mútuo (espero)!

Obrigada por estar desse lado!
É com muito gosto que LHE faço companhia!
Quero viver sempre mais e mais momentos….
Aprender…
E enriquecer a alma… expondo-a (Quiçá...)!

Até sempre!

Voltem comigo…. A cada actualização!
(Até porque já lá vão mais de duas centenas!!!)

É óptimo estar consigo!

14 julho 2007

Transparência...



“Poema musical dramático ou lírico”… assim se define ópera…
Fantasmas…
Óperas…
Quem os não tem?
Afinal aprecio este género musical mais do que o que esperava…
Não sei o que faz mais falta fantasmas com ou sem ópera… ou vice-versa.
A música está sempre presente.
São palavras incansáveis…
Esperanças renovadas…
Mensagens ambíguas…
Vozes acolhedoras…
Ritmos melancólicos…
Sons em tom de grito…
Composições inexplicáveis…
Sucessos incomparáveis…
Verdades ditas ao acaso…

Que o dramatismo da minha ópera nunca seja um fantasma…
E que o lirismo continue a fazer-me companhia.

02 julho 2007

É preciso VOAR....


As vertigens dos sonhos

São as vertigens enfadonhas que envolvem a minha vida que me deixam paralisada no tempo…
Tempo em que fui feliz e ao qual não mais posso voltar.
É um tempo passado… descoberto…
Incoerente… livre…
É o meu eu… que já viveu…
Gosto de ir por aí
Mais do que ficar por perto…
Desejo conhecer novas moradas…
Um dia encontrar-me-ei…
Acho que sou doente todos os dias…
Enquanto continuo a procurar o meu lugar ao sol…
(Talvez um dia nos cruzemos.)

Tenho o direito de querer.
Tenho direito a tudo o que quiser…
E tudo é demasiado.
Por isso quero o pouco que me faz feliz.
Prefiro a qualidade à quantidade…
Mas não chego a lugar nenhum…
Os últimos meses… dias…
Têm passado sem proveito…
Quero que passem simplesmente…
É com essa vontade que acordo todos os dias…
Preciso ajustar ideias…
Preciso bater com algumas portas de vez…
E acabar com as desilusões.

Bato a porta com força.
Venho-me embora.
E, a partir daí quem sou eu?
Mal me reconheço…
Baralham-se as ideias.
Falta a vontade de seguir…
Falta a dureza de vencer…
O sonho não pode virar pesadelo
Num simples estalar de dedos.
Sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura…
Sou assim…

Excerto...




PASSAGEM DAS HORAS

"Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.
(…)
Viajei por mais terras do que aquelas em que toquei...
Vi mais paisagens do que aquelas em que pus os olhos...
Experimentei mais sensações do que todas as sensações que senti,
Porque, por mais que sentisse, sempre me faltou que sentir
E a vida sempre me doeu, sempre foi pouco, e eu infeliz.
A certos momentos do dia recordo tudo isto e apavoro-me,
Penso em que é que me ficará desta vida aos bocados, deste auge,
Desta entrada às curvas, deste automóvel à beira da estrada, deste aviso,
Desta turbulência tranquila de sensações desencontradas,
Desta transfusão, desta insubsistência, desta convergência iriada,
Deste desassossego no fundo de todos os cálices,
Desta angústia no fundo de todos os prazeres,
Desta sociedade antecipada na asa de todas as chávenas,
Deste jogo de cartas fastiento entre o Cabo da Boa Esperança e as Canárias.
Não sei se a vida é pouco ou demais para mim.
Não sei se sinto de mais ou de menos, não sei
Se me falta escrúpulo espiritual, ponto-de-apoio na inteligência,
Consanguinidade com o mistério das coisas, choque
Aos contactos, sangue sob golpes, estremeção aos ruídos,
Ou se há outra significação para isto mais cómoda e feliz.
Seja o que for, era melhor não ter nascido,
Porque, de tão interessante que é a todos os momentos,
A vida chega a doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger,
A dar vontade de dar gritos, de dar pulos, de ficar no chão, de sair
Para fora de todas as casas, de todas as lógicas e de todas as sacadas,
E ir ser selvagem para a morte entre árvores e esquecimentos,
Entre tombos, e perigos e ausência de amanhãs,
E tudo isto devia ser qualquer outra coisa mais parecida com o que eu penso,
Com o que eu penso ou sinto, que eu nem sei qual é, ó vida.
Cruzo os braços sobre a mesa, ponho a cabeça sobre os braços,
É preciso querer chorar, mas não sei ir buscar as lágrimas...
Por mais que me esforce por ter uma grande pena de mim, não choro,
Tenho a alma rachada sob o indicador curvo que lhe toca...
Que há de ser de mim? Que há de ser de mim?
Correram o bobo a chicote do palácio, sem razão,
Fizeram o mendigo levantar-se do degrau onde caíra.
Bateram na criança abandonada e tiraram-lhe o pão das mãos.
Oh mágoa imensa do mundo, o que falta é agir...
Tão decadente, tão decadente, tão decadente...
Só estou bem quando ouço música, e nem então.
Jardins do século dezoito antes de 89,
Onde estais vós, que eu quero chorar de qualquer maneira?
Como um bálsamo que não consola senão pela ideia de que é um bálsamo,
A tarde de hoje e de todos os dias pouco a pouco, monótona, cai.
Acenderam as luzes, cai a noite, a vida substitui-se.
Seja de que maneira for, é preciso continuar a viver.
Arde-me a alma como se fosse uma mão, fisicamente.
Estou no caminho de todos e esbarram comigo. (…)"

Álvaro de Campos, 22-5-1916


Como se explica o sentir sem sentir?
Talvez assim… no âmago da imaginação…
Ergo os braços, aplaudo sonoramente e grito: «bravo»!
Talvez assim se faça justiça a este génio!

Obrigada pelos delírios conscientes doutras vidas!
Reconheço-me neles.

25 junho 2007

The other side...


São rostos cabisbaixos os que vejo…
Muitos alternam entre a idade e a senilidade…
Falo com todos e até com ninguém…
Mergulho nas vidas quase do além…
Entre desabafos e lamúrias….
Entre sonhos desfeitos e a infelicidade…
O choro, a dor, a indiferença comum…
Respira-se a morte entre gritos suprimidos…
A morte de um pedaço de cada um….
A cada passo de tristeza...
Cambaleiam sem pressa, sem medo…
Onde não há futuro…
Mas talvez um AMANHÃ….

08 junho 2007

"Mensagem...."




Há momentos que são como os livros aguardamos o último capítulo, a última página, o último ponto final... e sorrimos por essa extraordinária vivência... Esse MOMENTO...
Pena ter recebido muito tempo depois do 'fim'...
Mas agora o que importa é que ele veio...
Para completar o momento... tinha que estar ao pé dum 'ídolo'... ainda que na figura da sua estátua...
É ele mesmo... Fernando Pessoa...

"(...) O que é o presente?
É uma coisa relativa ao passado e ao futuro.
É uma coisa que existe em virtude de outras coisas existirem (...)"

Excerto da poesia "VIVE"
Heterónimo Alberto Caeiro
Poemas Inconjuntos
(1913-1915)




Aguardo a vida que vem por aí...
Sou paciente e persistente o suficiente para... agarrá-la nos meus braços...
E não deixar fugir um único pedacinho...
Captando todas as mensagens que a vida me oferece...

Dos personas...



“As veces el viaje mas largo es la distancia entre dos personas...”

Olho pela cortina a claridade do tempo quente que se esconde lá fora…
A temperatura tem aumentado dia após dia… assim como as saudades que tenho de ti…
Hoje vou ver-te e sei que basta saber que isso vai acontecer para te sentir a cada quilómetro que percorres….
Todos os meus poros já sentem a tua chegada…
Não é um momento isolado duma pessoa que determina o que ela é…
É o que tens sido…
Quais as cores da paixão quando elas não se manifestam?
Quais as cores da paixão quando elas se manifestam?
Perco-me nas dúvidas que não têm cor mas que ganham contornos em ti…

03 maio 2007

Adeus...

Quantos passos dei para chegar a ti?
Quantas vidas preenchi?
Quantos mistérios conheci?
Apenas sei que sobrevivi.
Caiava os meus sonhos contigo porque os preenchias na perfeição.
A sede que tinha da tua pele, do teu cheiro, da tua presença era o que me fazia viver.
Partiste.
Com o dom de quem morre, mas não se esquece.
A tua vivência a meu lado era extraordinária.
Construí arquétipos para te eternizar, mas não chegaram para delinear quem tu foste para mim.
A tua imagem apenas estava gravada e lacrada em mim.
Fui apenas eu que te vi crescer?
Terei sido eu a única a olhar a tua alma a dançar com a minha?
Os teus passos trôpegos, os movimentos que não cumprias…
Balançavas o teu corpo sobre o meu.
Mal ou bem dançávamos a mesma música.
Sentíamos o mesmo ritmo…
Vibrávamos em silêncio no entusiasmo do barulho aterrador que aquelas colunas soltavam…
Lembro-me de tudo.
Porque fomos tudo.
Agora que morreste…
Sinto a tua falta…


This photo doesn't translate what you mean to me... Thank U all!!

11 abril 2007

Posso subir à medida das minhas forças?

Olhava sempre à sua volta…
Resguardava a sua área…
Vigiava o som das ondas…
Afastava os inimigos para longe…
Era um farol imponente…
E era lá que me protegia do mundo.
As suas paredes fortes eram as minhas muralhas…
Não permitiam a entrada de água…
Será que aquele lugar iria existir para sempre para mim?
Queria acreditar que sim.
Queria acreditar que a luz de presença que iluminava e acenava aos náufragos, era um reflexo da minha luz interior…
A pouco e pouco sentia-me um pirilampo…
Terno… minúsculo… altruísta…
Em que o pouco que representava era o suficiente para oferecer um sorriso e levantar interesse. Há muitos desconhecidos que não encontram uma vaga luz…
Há muitos desconhecidos que fogem da sua própria luz, mas ela estará sempre neles presente, auxiliando mentes pouco esclarecidas…
Os desconhecidos que encontro…
Fazem-me aprender na sua singularidade…
A milhas da costa ou justamente na sua proximidade, que essa luz que trespassa o mau tempo e orienta os desnorteados…
Esteja sempre visível na cegueira dos iluminados.
Construa-se a minha casa, o meu viver…
Nos passos que tenho que dar…
Nos degraus que tenho que subir…
Na vontade de chegar mais perto do limite…
Dure o tempo que durar….
Custe o que tiver que custar…

04 abril 2007

Mais além...

Qual a cor da sombra das palavras que se dizem, que nunca foram ditas e jamais serão?
Lágrimas…
Juras…
Erros…
Medo…
Coragem…
Existe sempre alguém no meu mundo do nada...


“Are

you

alive

or

just

breathing?”


31 março 2007

Envolvência das Nuvens...

Deixei-me ir como o vento… com o vento.
Sempre com uma direcção pronta a mudar… com o tempo.
Ele soprava nas minhas costas como se me abraçasse e acompanhasse no meu caminho.
À medida que o tempo ia passando, esse vento começou a soprar forte demais… e senti-me presa a ele, capaz de ir com ele para qualquer lado.
Chegou a tempestade e a minha fraqueza impediu-me de estar a seu lado.
Não conseguia alcançá-lo na sua marcha demasiado forte.
Fui ficando para trás e a chuva tomava conta de mim.
Já não tinha o vento a empurrar-me para a vida.
Queria acreditar que era chuva de Inverno.
Vinda em altura imprópria, que o tempo andava trocado, como vulgarmente se costuma dizer…
Restavam os meus sonhos, viver no meu mundo de sonhos…
É possível perder o rumo e retomá-lo.
Começar de novo.
Hoje perco-me num céu azul coberto de raios de sol… e envolvo-me num manto de nuvens aconchegantes, macias, ternas… Sem vento… Sem mau tempo… com formas inesquecíveis…
Brinco, salto como se fossem um trampolim transcendente de mistérios, segredos e diversão…
Encontrei a beleza a cada sorriso que dou.
Houve muitos raios em sinal de recaída.
Houve trovoada estridente e persistente.
A chuva e o arco-íris misturaram-se muitas vezes.
Perdi o chão até…
Hoje sinto a brisa que corre e se esbarra no meu rosto.
Sinto alguns fios de cabelo a esvoaçar…
E mantenho-me no meu lugar.

26 março 2007

Empty place...

Há dias que te queria contar o meu modo de viver.
Encontrar as palavras que justificam cada gesto, cada olhar e cada tentativa de respiração…
Na esperança de viver mais um segundo intensamente….
Foge-me essa pretensão porque não te conheço… Vejo apenas um rosto.
Distante, triste, caótico e pobre.
É assim que se descreve a outra face de alguém que deixa de existir.
Mas que não morre.
“Se só eu senti então compreendi o que me causa toda esta dor” (in OSMOSIS)
Mas do mesmo jeito sei que preciso experimentar todos os sabores para me conseguir libertar deles…
Foi estranho partir de viagem sem grandes objectivos…
E sem aquele apego a nada nem a ninguém, que fica ou vou encontrar…
Aprendi a conviver com o vazio.

17 março 2007

Porque vale a pena 'living on MY own'...



"Sometimes I feel Im gonna break down and cry (so lonely)
Nowhere to go nothing to do with my time
I get lonely so lonely living on my own

Sometimes I feel Im always walking too fast
And everything is coming down on me down on me
I go crazy oh so crazy living on my own

Dee do de de dee do de de
I dont have no time for no monkey business
Dee do de de dee do de de
I get so lonely lonely lonely lonely yeah
Got to be some good times ahead

Sometimes I feel nobody gives me no warning
Find my head is always up in the clouds in a dreamworld
Its not easy living on my own"

Freddie Mercury - Queen

12 março 2007

Silêncio de emoções


Foi silêncio o que ecoou em mim, naquele momento.
Nem queria acreditar no que me estava a acontecer.
Apenas o que estava a sentir importava....
Era real, surreal e invadia-me a alma e o corpo.
Estava sentada.
E ainda bem... Não sei se conseguiria manter-me de pé depois de tão terrível sensação de fraqueza...
Todos me enxergaram... senti que cada poro da minha pele estava a ser observado ao pormenor... se é que isso é possível...
A minha respiração estava cada vez mais desajeitada e suspensa.
Apenas mantinha um sorriso de doçura ardente.
Em quem ou quê deveria fixar o meu olhar?
Optei por um olhar no vazio...
Esvaziando a cólera da tensão que estava a sentir... com tantos olhares que eram tudo menos discretos.
Mesmo assim superava a fase de aceitação... com a dignidade de um coração aberto à incerteza... e ao desconhecido.
Agradecia aquele momento de pavor inicial, que ultrapassei sem dificuldade... por envergar a camisola da calma, da serenidade e da paz...
E agradecia, porque de facto aconteceu...
Ao som da música apaixonei-me de verdade.
Ninguém reparou... Apenas eu no meu silêncio agudo enevoado de gritos descentralizados que vagueavam a minha alma.
Tudo começou assim e deu em nada.
Fico feliz por ter acontecido.
Sigo em frente buscando esta sensação revestida doutras cores e sabores.
Há que acreditar.
E eu acredito.

Todos os dias.

05 março 2007

The other side...


Afastei-a do rosto...
Já a tinha usado vezes demasiadas.
Estava gasta.
Escondia atrás dela os meus sentimentos mais puros...
Não queria ser transparente.
Preferia ser fria e cruel, para não causar nenhuma ligação mais próxima.
Já tinha sofrido muito por ter tirado a máscara cedo demais...
Insensível, dura...
Chamaram-me muitas vezes, mas essa era a máscara que me cobria as emoções mais fortes e já não a uso mais.
Se quero chorar, choro...
Se quero sorrir, sorrio...
Se quero aproximar-me, aproximo-me...
Se quero amar, amo...
Se quero tocar, toco...
Deixei-me de convenções e apoteoses gritantes.
Precisava que vissem como sou... EU...
Não mais vou querer aquela máscara.
Vai directa para o fundo do baú mais escuro e mais distante da minha memória...
Quero esquecer-me que a usei...
Que amei...
Que sofri...
Que me conheci como não sou.
Sábia do tempo... Escrevi na minha alma cada momento que respirei neste caótico limite.
Sem querer vacilar nas memórias... socorro-me de imagens que guardei e anexei a testemunhos de vida...
Acho que apenas soube amar o desconhecido por me fazer sonhar...
Não errei. Vivi...
O que resta desse amor, não sei...
Talvez inclua de novo alguma paixão e obedeça firmemente às palavras que não quis ouvir, aos desejos que não quis sentir...
Ao inferno do Amor... mesmo que delire e cause dor...
Não creio que me afaste de mim.
Não creio em mudança nesse campo...
A máscara já está longe da vista...
E inutilizar-se-á com o tempo...
Eu continuarei aqui cada vez mais radiante por ter direito à magia duma vida digna, coerente e sincera.

04 março 2007

03 março 2007

'E troco a minha vida por um dia de ilusão...'

SILÊNCIO E TANTA GENTE

"Às vezes é no meio do silêncio
Que descubro o amor em teu olhar
É uma pedra, é um grito
Que nasce em qualquer lugar

Às vezes é no meio de tanta gente
Que descubro afinal aquilo que sou
Sou um grito ou sou uma pedra
De um lugar onde não estou

Às vezes sou o tempo que tarda em passar
E aquilo em que ninguém quer acreditar
Às vezes sou também um sim alegre ou um triste não
E troco a minha vida por um dia de ilusão
E troco a minha vida por um dia de ilusão

Às vezes é no meio do silêncio
Que descubro as palavras por dizer
É uma pedra ou é um grito
De um amor por acontecer

Às vezes é no meio de tanta gente
Que descubro afinal p'ra onde vou
E esta pedra, e este grito
São a história daquilo que eu sou

Às vezes sou o tempo que tarda em passar
E aquilo em que ninguém quer acreditar
Às vezes sou também um sim alegre ou um triste não
E troco a minha vida por um dia de ilusão
E troco a minha vida por um dia de ilusão

Às vezes sou o tempo que tarda em passar
E aquilo em que ninguém quer acreditar
Às vezes sou também um sim alegre ou um triste não
E troco a minha vida por um dia de ilusão
E troco a minha vida por um dia de ilusão"

MARIA GUINOT - Eurovisão 1984

24 fevereiro 2007

Frases Soltas...

“Se os meus inimigos pararem de dizer mentiras a meu respeito, eu paro de dizer verdades sobre eles.”

Anita Labella

“Se não te puderes destacar pelo talento, vence pelo esforço.”

Dave Weinbaum

“Quem 60 ao teu lado e 70 por ti, vai certamente rezar 1/3 para arranjar ½ de te levar para ¼ e dizer: 20 comer...” =)

“A sua vida não é uma coincidência.
A sua vida é a consequência de você mesmo.”

“As pessoas vivem de dia.
As estrelas saem à noite.”

“Se o amor é cego, o negócio é apalpar.”

“O amor é como a relva. Você planta e ela cresce. Aí vem uma vaca e acaba com tudo!”

“Sabias que quando sonhas com a pessoa que gostas, essa pessoa dormiu a pensar em ti?
Quando te escapa o nome de uma pessoa, ela está a pensar em ti?
Quando olhas nos olhos quer-te mais do que pensas?
Quando olha muito não pode viver sem ti?
Se se despede apressadamente é porque não te quer deixar ir?”

Autores desconhecidos

23 fevereiro 2007

Escolhe um caminho... e vive a tua felicidade...


Vitória, Esperança, Glória e Felicidade eram quatro amigas íntimas.
A cada dia que passava partilhavam respectivamente vitórias, esperanças, glórias e momentos de felicidade....
Eram tão unidas que não viviam umas sem as outras e se alguma se sentia em baixo as outras tratavam logo de restabelecer-lhe o equilíbrio.
Um dia Vitória e Glória que eram as mais destemidas e extrovertidas do grupo tentaram a sua sorte mas esta saiu-lhes furada...
Boicotaram-lhe todo o seu trabalho, as suas ideias e também os seus sonhos...
Esperança e Felicidade ao saberem de tal infortúnio foram ter com elas com a rapidez de um cometa...
Elas eram mais calmas, passavam despercebidas, mas sabiam encontrar a maneira de proporcionar alegria, mesmo quando tudo desaparece...
Quando tudo foge das mãos...
E a sorte vira as costas...
Juntas plantaram felicidade e esperança e dia-após-dia viram crescer optimismo e segurança...
E tudo aconteceu com o devido tempo...
E... Sem cronometragem... sem contagem... e, sem querer...
Vitória encontrou Prazer...
Glória encontrou Paixão...
Felicidade encontrou Momento...
E Esperança encontrou o Amor...
Dizem que os opostos se atraem... e há sempre uma marca feminina sensível que aproxima estes dois pólos tão distantes...
Todos estavam de acordo que iriam ser felizes para sempre... pois...
Não há maior Prazer que a Vitória...
Não há Paixão sem Glória...
Não há Momento sem Felicidade...
E não há Amor sem Esperança...
Os laços de amizade entre todos aumentou...
Quando são fortes ultrapassam tudo...
Perdoam tudo... porque há sempre maneira de contornar as adversidades...
Virtudes, sentimentos, entraves serão sempre personificados em nós... que vivemos para aprender todos os dias mais um grão de areia na imensidão desse deserto que se chama Universo...

Que o mar devolva a paz a Esmoriz...


Hora

"Sinto que hoje novamente embarco
Para as grandes aventuras,
Passam no ar palavras obscuras
E o meu desejo canta --- por isso marco
Nos meus sentidos a imagem desta hora.

Sonoro e profundo
Aquele mundo
Que eu sonhara e perdera
Espera
O peso dos meus gestos.

E dormem mil gestos nos meus dedos.

Desligadas dos círculos funestos
Das mentiras alheias,
Finalmente solitárias,
As minhas mãos estão cheias
De expectativa e de segredos
Como os negros arvoredos
Que baloiçam na noite murmurando.

Ao longe por mim oiço chamando
A voz das coisas que eu sei amar.
E de novo caminho para o mar."

By Sophia de Mello Breyner Andresen

10 fevereiro 2007

Just for you: Connected Soul...


Podia criar um dicionário de palavras que te descrevessem...
Mas seria uma edição incompleta.
O amor da amizade é vasto demais para poder contabilizar apenas um conjunto de adjectivos....
Choro cada palavra que escrevo... não de tristeza... mas de SAUDADE...
Inspiro, expiro calmamente...
Soluço nas recordações que te fazem única...
Recordo as soluções que encontramos juntas...
Se há um ombro, um colo amigo... delicioso... é o teu.
Foi lá que enxuguei lágrimas, foi lá que encontrei conforto nos momentos menos bons....
Mas é na tua presença, no teu sorriso, no teu brilho tão genuíno que tenho a certeza que vamos passar bons momentos...
Podes partir hoje... amanhã...
Mas sei que estarás sempre comigo, assim como eu estarei sempre contigo no pensamento... no coração...
Parte...
Voa...
Alcança o teu mundo...
Os teus sonhos...
A tua vida...
Os teus amores...
As tuas paixões...
E que a felicidade te acompanhe... todos os dias...
Adoro-te...
Conta sempre com esta Amizade...
Vais deixar sempre Saudade...
Obrigada por existires no meu mundo...

Eu vou estar sempre aqui.

09 fevereiro 2007

You save my day... Thank'U

Ela misturava sentimentos ambíguos...
E perdia-se em pensamentos distorcidos...

Apanhei-me a viajar no teu olhar...
No teu sorriso...
Na doçura da tua voz...
Notei que ficaste desconcentrado e que sorriste enquanto fazias uma pausa para te recompores... e ordenares ideias...
Há dias mágicos... aquele foi um deles.
Depois de estar contigo lembro-me que tropecei numa dessas escadas e caí...
Levantei-me de imediato com a vergonha natural de alguém avistar o meu infortúnio...
Doía, sangrava da queda mas também eu estava com um sorriso nos lábios muito puro... muito meu...
Quem é que cai, se magoa e ainda sorri?
É o efeito pós dosagem qb (ou não) do medicamento ‘paixão’...
Ora, a ‘teoria’ está para a ‘prática’ assim como o ‘platónico’ está para ‘x’...
Esta regra de três simples dos sentimentos não dá para encontrar resultados com a mesma exactidão da matemática... É pena!

“A vida é feita de Caminhos
Caminhos que levam...
Caminhos que trazem sonhos, alegrias, tristezas, amores, esperanças...”

“Dá valor a cada momento que vivas e esse tesouro terá mais valor se o partilhares com alguém muito especial, especial o suficiente para lhe dedicares o teu tempo...
Lembra-te que o tempo não espera por ninguém...”

“O Ontem é um cheque usado.
O Amanhã é uma nota promissória.
O Hoje é o único dinheiro que tem.
Gaste-o com sabedoria....!!!” (by KayLyon)



Bem... hoje por mais que tente vou andar com aquele sorriso parvo!