30 janeiro 2007

Já podes adormecer...

As minhas lágrimas são um pedaço de ti que se afasta de mim...
Arrastá-las pelo rosto...
É um desabafo mudo, imbuído de memórias curtas mas perfeitas...
A cada gota que escorre...
Esgoto-te em mim....
Frio, perdido, caído...
Acho-te todos os dias...
Mataste a tua alma com o desacerto do teu viver...
Arde a ferida que não sara...
Cura-se a alma sozinho...
Recupera-se o tempo perdido...
E intensifica-se a urgência do Adeus...

(À Ana Labella espero que seja isto que precises! As melhoras! Anima-te!)

23 janeiro 2007

Era exactamente ali...

Mais do que um abrigo era um refúgio…
Aquele recanto da casa era onde ela se reencontrava com o seu ‘eu’ mais imprevisível.
Muitos pontos de interrogação vagueavam no deserto do seu olhar.
Era uma completa cegueira do mundo em que vivia.
Também era preferível dessa maneira…
O mundo visto com olhos vivos era sujo e poluído demais para querer pertencer-lhe.
Era um recanto que a devolvia ao seu ‘eu’… sempre que tinha necessidade de crescer no seu íntimo e libertar-se da crueldade de um quotidiano previsível, mas convincente…
Em que mundo vives?
Ela preferia não responder…
Raras seriam as pessoas que a compreenderiam.
É esta incompreensão…
Que a envolve em distúrbios existenciais…
No fundo, há tanta coisa que não faz sentido.
Que o melhor é nem sequer tentar encontrar respostas.
Na verdade nem o dicionário tem essa pretensão…

My soul...

“Os corpos têm o abraço.
As almas o enlace!”

Porque a teoria não iguala a prática?
Dia após dia é complicado entender o domínio que se apodera de mim… num quadro fantasmagórico de pensamentos, incertezas, oscilações de humor, em que tudo parece tudo… nada parece tudo… pensar não ajuda e gerir-me é estranho…
Descubro que vai ser tudo diferente um dia… porque “a vida é feita de lutadores e não de espectadores.”

Memories...

Vida, obrigada por me escolheres!
Por decidires que sou portadora de uma voz interior que reparte tristezas, alegrias e foge para a solidão para sofrer calada e sozinha, distante de tudo para que ninguém ouça o choro desmedido das alegres memórias um dia criadas e eternizadas nas páginas do livro do coração.
“O verdadeiro amigo é aquele que segura a tua mão e toca o teu coração.”
Bastava isso. Era pouco.
É pena que o teu coração não ouça e nem sinta estas palavras….

“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.”

Se qualquer dia é dado como válido para um começo….
Desperte-se a vontade de tentar.

Volta e MEIA...

Há a meia de leite (que representa o dobro de um pingo ou como dizem lá pra baixo ‘garoto’)
Há a meia torrada (que está com a designação correcta)…
Tirando estas excepções (regulares),
MEIAS. SÓ NOS PÉS! E já têm lugar cativo.

Tenho dito.

22 janeiro 2007

Questões presentes

Era miúda quando ouvi, salvo erro, os irmãos Leandro e Leonardo cantar qualquer coisa como:




“(…) Eu não faço amor por fazer
Tem que ser muito mais que o prazer (…)”

Na altura achava palavras com sentido, mas não me apercebia que aquilo era muito mais que meras palavras amontoadas num ritmo melancólico, que classifica aquela canção como: ‘romântica’.
Será que a percepção de amar-te não pelo o que tu és mas pelo o que eu sou quando estou contigo te diz alguma coisa?
Nunca quis controlar o incontrolável.
Em breve o presente será passado, mas nunca futuro…
É por isso que não se pode deixar que o presente seja um passado sem futuro….

Entre avanços e recuos constatei que estava inerte de vida naquele presente…
Aí ocorreu-me uma frase de Stella Adler: “A vida bate e estraçalha a alma e a arte lembra-nos de que temos uma.”
Respondi-me.

16 janeiro 2007

Anjos do silêncio...

Ouviu-se um silêncio de morte.
O que se esperava?
Uma tragédia certamente.
E não estava enganado.
Era um silêncio gélido, balançante, que nem o zumbido de um insecto se ouvia.
Estava petrificado e sem saber o que fazer.
Não gesticulava com as mãos.
Não soletrava uma palavra… nem um gemido…
Era um silêncio de morte.
Tinha-me apaixonado.
E soube naquele momento.
Já não me sentia assim há muito tempo.
Adoeci.
Já não era o mesmo… fui atingido pela sua voz…
Pelo calor da sua presença.
E estava ali parado.
Saboreando a minha doce morte de vida só e pobre.
Apaixonara-me como um veneno que entra e teima em não desaparecer.
Da minha testa vertiam suores de delírio intenso…
Ela enfeitiçara-me apenas com a sua presença sublime.
Embruteci. Emudeci. Morri.
Acordara.
Tinha tido o sonho mais violento… mais desesperante…
Sentia-se perdido e confuso.
Transpirava imprecisões.
Tudo parecia demasiadamente real.
Abrira a cortina e ainda não tinha amanhecido.
Preparava-se para repousar mais um pouco.
As ideias fervilhavam em contradições.
Mas ele queria voltar a adormecer… e remar em busca das respostas do inconsciente.
Voltar àquele sonho que o deixara transtornado… enfeitiçado… preso.
Ela tinha desaparecido da sua vida, dos seus dias… dos seus sonhos…
Ele estava impaciente. Vivia obcecado com aquele sonho.
Procurava-a e não a via.
Chamava-a ela não ouvia.
Os anjos passam pelas nossas vidas, viram-nas do avesso.
E prosseguem no desfile de máscaras, impunes e alegres…



Foto tirada a 6 Janeiro 2007 @ Espinho

Fica sempre qualquer coisa...

A opinião era unânime: a casa sem ti não é a mesma coisa.
E não era. Eu sabia.
Fazia-me falta aquele ambiente em que me entregava sem rodeios...
E fazia tanta gente feliz.
Eram as conversas sempre animadas, os sorrisos tímidos arrancados, as gargalhadas estridentes em série...
Os maxilares chegavam a doer de tanto rir.
Era o ambiente perfeito em que apenas me viram chorar uma vez.
Tinha chegado o momento das despedidas.
Custava imenso deixar o que tinha construído.
Custava largar os meus dias felizes.
Parti.
Precisava de tempo.
Para viver, para respirar para me encontrar, para pensar...
Por momentos encontrei-me no meio do inferno, mesmo sendo Inverno.
Faltava apenas a temperatura subir e não encontrava diferenças...
Parece que passou um tufão por mim e me deixou estranha de mim mesma.
Agora já tenho tempo.
Ergo os braços e abraço-te com o meu sorriso.

Bússola do tempo...

É esta incapacidade de sentir que atordoa o meu instinto recatado.
Sei que sou a minha própria bússola... mas os meus pontos cardeais estão ligeiramente sem orientação.
Há arranjo para bússolas desajustadas...? Desalinhadas...?
Saber... tiraria o encanto da imprevisibilidade do desconhecido.
A minha Amazónia faz-me perder de mim e encontrar-me quando já não pretendo decidir...

08 janeiro 2007

Amor em Branco...

Cala-se a voz que já se cansou de debitar palavras sem sentido e sem emoção.
Ouvia-se o ritmo da melodia sem palavras...
A solidão apoderara-se daquelas notas que já não faziam sentido longe da doçura da sua voz.
"Música é o Amor à procura duma Palavra..."
Procurava as palavras perfeitas.
Escolhia a narrativa porque a poesia estava destinada aos amantes da lua...
Que a descreviam como a única mulher que pairava entre as estrelas...
O conceito de música estava devastado...
Acabaram os poetas...
Perderam-se os compositores...
E os instrumentos desafinaram com o tempo... que foi passando lentamente...
O Maestro tentou recuperar a Orquestra e até chamou os melhores sopranos e tenores que conhecia...
Mesmo assim nada parecia resultar, porque o seu coração estava fraco.
E vazio da paixão que sempre o acompanhou: A música.
Se o maestro não consegue conduzir a música...
É porque a paixão acabou e o amor nunca chegou a existir...
Uma vida de paixões, nunca chega a Amar nada verdadeiramente.

DOIS

Aquele era um amor qualquer, que até hoje ela não sabia porque lhe chamara AMOR!
Ali não houve química nem 'física'...
Eram dois conhecidos, dois estranhos que se acabaram de conhecer e cujos corações não se abraçaram.
Era a perfeita história de desamor que conhecia. Igual a tantas outras, mas era dela. Apesar de ser mais uma.
Às vezes estamos só de 'passagem' porque não nos carimbam o passaporte...
E assim acontece quando dois corações são incompatíveis demais para seguir viagem!
Uma viagem é uma descoberta e só o medo de correr riscos nos impede de nos encontrarmos.

"O medo...
O medo leva-nos a perder coisas únicas na vida, a não arriscar o que se procura, a desistir do que se pode ter.
O medo leva-nos à loucura, ao isolamento, à solidão...
O medo leva-nos a perder a felicidade tantas e tantas vezes simplesmente porque temos medo de tentar...
Medo de dar o primeiro passo em frente e enfrentar o que o coração manda e a razão teima e trava...
A vida são dois dias...
Não vale a pena pensar muito... há que viver cada minuto como se fosse o último."

Sabes... um dia vais ter que começar a confiar em alguém...
Porque não começas comigo?

AI O AMOR!!!!!!!!!!!!!!!

"O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p’ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há-de dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer.

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar…"

Fernando Pessoa