31 julho 2007

http://vivemosdemomentos.blogspot.com completa 2º Aniversário



É preciso saber esperar…
Calcular o tempo ao pormenor…
Ir em busca do desconhecido…
Já disse que foi por acaso que este Blog surgiu e hoje cumpre o seu segundo aniversário!
Neste último ano as fotos e textos deste blog deram origem a uma exposição de fotografia em Elvas (ver arquivo Novembro 2006)…
Sinto-me bem por partilhar histórias, momentos, desabafos, tristezas, sorrisos por isso deixo aqui uma imagem… para uns sombria… para outros duma beleza extrema….
Um luar, numa dessas noites bem perto da lua cheia…
Junto ao mar…
A minha essência é assim…
Um sorriso de lua em quarto crescente, emaranhado na noite escura de um dia menos bom…
Há um ano atrás introduzi uma novidade… um contador de visitas… e os resultados satisfazem-me plenamente… recentemente atentei nas estatísticas e fiquei maravilhada com as visitas que recebo… de todos os cantos do mundo…
E o tempo que essas mesmas visitas duram… chegam a durar mais de uma hora….
É bom sentir que chego perto…
É um aconchego sincero e mútuo (espero)!

Obrigada por estar desse lado!
É com muito gosto que LHE faço companhia!
Quero viver sempre mais e mais momentos….
Aprender…
E enriquecer a alma… expondo-a (Quiçá...)!

Até sempre!

Voltem comigo…. A cada actualização!
(Até porque já lá vão mais de duas centenas!!!)

É óptimo estar consigo!

14 julho 2007

Transparência...



“Poema musical dramático ou lírico”… assim se define ópera…
Fantasmas…
Óperas…
Quem os não tem?
Afinal aprecio este género musical mais do que o que esperava…
Não sei o que faz mais falta fantasmas com ou sem ópera… ou vice-versa.
A música está sempre presente.
São palavras incansáveis…
Esperanças renovadas…
Mensagens ambíguas…
Vozes acolhedoras…
Ritmos melancólicos…
Sons em tom de grito…
Composições inexplicáveis…
Sucessos incomparáveis…
Verdades ditas ao acaso…

Que o dramatismo da minha ópera nunca seja um fantasma…
E que o lirismo continue a fazer-me companhia.

02 julho 2007

É preciso VOAR....


As vertigens dos sonhos

São as vertigens enfadonhas que envolvem a minha vida que me deixam paralisada no tempo…
Tempo em que fui feliz e ao qual não mais posso voltar.
É um tempo passado… descoberto…
Incoerente… livre…
É o meu eu… que já viveu…
Gosto de ir por aí
Mais do que ficar por perto…
Desejo conhecer novas moradas…
Um dia encontrar-me-ei…
Acho que sou doente todos os dias…
Enquanto continuo a procurar o meu lugar ao sol…
(Talvez um dia nos cruzemos.)

Tenho o direito de querer.
Tenho direito a tudo o que quiser…
E tudo é demasiado.
Por isso quero o pouco que me faz feliz.
Prefiro a qualidade à quantidade…
Mas não chego a lugar nenhum…
Os últimos meses… dias…
Têm passado sem proveito…
Quero que passem simplesmente…
É com essa vontade que acordo todos os dias…
Preciso ajustar ideias…
Preciso bater com algumas portas de vez…
E acabar com as desilusões.

Bato a porta com força.
Venho-me embora.
E, a partir daí quem sou eu?
Mal me reconheço…
Baralham-se as ideias.
Falta a vontade de seguir…
Falta a dureza de vencer…
O sonho não pode virar pesadelo
Num simples estalar de dedos.
Sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura…
Sou assim…

Excerto...




PASSAGEM DAS HORAS

"Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.
(…)
Viajei por mais terras do que aquelas em que toquei...
Vi mais paisagens do que aquelas em que pus os olhos...
Experimentei mais sensações do que todas as sensações que senti,
Porque, por mais que sentisse, sempre me faltou que sentir
E a vida sempre me doeu, sempre foi pouco, e eu infeliz.
A certos momentos do dia recordo tudo isto e apavoro-me,
Penso em que é que me ficará desta vida aos bocados, deste auge,
Desta entrada às curvas, deste automóvel à beira da estrada, deste aviso,
Desta turbulência tranquila de sensações desencontradas,
Desta transfusão, desta insubsistência, desta convergência iriada,
Deste desassossego no fundo de todos os cálices,
Desta angústia no fundo de todos os prazeres,
Desta sociedade antecipada na asa de todas as chávenas,
Deste jogo de cartas fastiento entre o Cabo da Boa Esperança e as Canárias.
Não sei se a vida é pouco ou demais para mim.
Não sei se sinto de mais ou de menos, não sei
Se me falta escrúpulo espiritual, ponto-de-apoio na inteligência,
Consanguinidade com o mistério das coisas, choque
Aos contactos, sangue sob golpes, estremeção aos ruídos,
Ou se há outra significação para isto mais cómoda e feliz.
Seja o que for, era melhor não ter nascido,
Porque, de tão interessante que é a todos os momentos,
A vida chega a doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger,
A dar vontade de dar gritos, de dar pulos, de ficar no chão, de sair
Para fora de todas as casas, de todas as lógicas e de todas as sacadas,
E ir ser selvagem para a morte entre árvores e esquecimentos,
Entre tombos, e perigos e ausência de amanhãs,
E tudo isto devia ser qualquer outra coisa mais parecida com o que eu penso,
Com o que eu penso ou sinto, que eu nem sei qual é, ó vida.
Cruzo os braços sobre a mesa, ponho a cabeça sobre os braços,
É preciso querer chorar, mas não sei ir buscar as lágrimas...
Por mais que me esforce por ter uma grande pena de mim, não choro,
Tenho a alma rachada sob o indicador curvo que lhe toca...
Que há de ser de mim? Que há de ser de mim?
Correram o bobo a chicote do palácio, sem razão,
Fizeram o mendigo levantar-se do degrau onde caíra.
Bateram na criança abandonada e tiraram-lhe o pão das mãos.
Oh mágoa imensa do mundo, o que falta é agir...
Tão decadente, tão decadente, tão decadente...
Só estou bem quando ouço música, e nem então.
Jardins do século dezoito antes de 89,
Onde estais vós, que eu quero chorar de qualquer maneira?
Como um bálsamo que não consola senão pela ideia de que é um bálsamo,
A tarde de hoje e de todos os dias pouco a pouco, monótona, cai.
Acenderam as luzes, cai a noite, a vida substitui-se.
Seja de que maneira for, é preciso continuar a viver.
Arde-me a alma como se fosse uma mão, fisicamente.
Estou no caminho de todos e esbarram comigo. (…)"

Álvaro de Campos, 22-5-1916


Como se explica o sentir sem sentir?
Talvez assim… no âmago da imaginação…
Ergo os braços, aplaudo sonoramente e grito: «bravo»!
Talvez assim se faça justiça a este génio!

Obrigada pelos delírios conscientes doutras vidas!
Reconheço-me neles.