16 março 2009

Sentido Figurado...


Amo-te.
Deliberadamente.
Amo-te.
E porque a palavra só se gasta quando deixa de existir, amo-te…
E é com todos os meus sentidos que te prevejo…
Te Pressinto…
Te amo.
Qual sentimento é mais forte que o amor?
Qual sentimento é mais imprevisível, mais passível de gerar um conflito antagónico de emoções?
Acho que te vivo em eufemismo…
Te encontro numa antítese…
E todo o meu amor não passa duma hipérbole…
As hipérboles de amor são cada vez mais necessárias.
Ser hipérbole no amor é ser calor de vulcão e tocar gentilmente com os lábios no gelo íntimo de um iceberg…
Habito uma gruta em constante erosão…
Escorrem gotas de água que se auto-reproduzem…
Que se renovam e que ganham vida própria…
Como é que a transparência de uma lágrima pode ser discutível?
Quanta verdade oculta inclusa…
Resta saber se se eternizam, ausentes de vontade.
Ou quiçá… Se se revestem de pedra maciça…
Intocável…
Inquebrável…
E sem vida…
Em quantas grutas existiremos sós?
Por que razão… existem leves paraísos escondidos nelas?
Apenas o toque do amor é auto-suficiente.
Como é que a solidão é tão plural?
Porque é que o silêncio é tão violento?
Acho que posso chamar violência à solidão… ao silêncio...
“Tudo o que se vê é temporário…
Mas o invisível é eterno…”
E esta será a melhor tradução da palavra: SAUDADE.

Será que somos a personificação do Amor…
ou melhor... “o Amor em figura de gente”…?

12 março 2009

Palavras da Mafalda =)


«IMORTAIS» Mafalda Veiga

Por mais que a vida nos agarre assim

Nos troque planos sem sequer pedir

Sem perguntar a que é que tem direito

Sem lhe importar o que nos faz sentir


Eu sei que ainda somos imortais

Se nos olhamos tão fundo de frente

Se o meu caminho for para onde vais

A encher de luz os meus lugares ausentes


É que eu quero-te tanto

Não saberia não te ter

É que eu quero-te tanto

É sempre mais do que eu te sei dizer

Mil vezes mais do que eu te sei dizer


Por mais que a vida nos agarre assim

Nos dê em troca do que nos roubou

Às vezes fogo e mar, loucura e chão

Às vezes só a cinza do que sobrou


Eu sei que ainda somos muito mais

Se nos olhamos tão fundo de frente

Se a minha vida for por onde vais

A encher de luz os meus lugares ausentes


É que eu quero-te tanto

Não saberia não te ter

É que eu quero-te tanto

É sempre mais do que eu sei te dizer

Mil vezes mais do que eu te sei dizer


(Mil vezes mais... do que estas palavras te possam dizer...)

03 março 2009

White Flag...


Vou vestir-me de morte.
E morrer junto das memórias trémulas de tantos dias cinzentos.
Acho que passei os dias mais frios e gélidos da minha vida.
Eu e o tempo… caminhamos juntos…
Estivemos juntos demais…
Até hoje, não sei quem desaparece primeiro, se ele… se eu…?!
Ele passa por mim todos os dias… às vezes nem como garantido o tenho.
O caminho, percorro…
No luto, morro…
São finais de mim.

Acabou o Entrudo…
Restam as cinzas da folia…
Mas só agora descobri a minha fantasia…

Vou disfarçar-me de morte…
Quero que me olhem e sintam as profundezas gélidas de um corpo sem vida…
Quero que morram comigo num olhar que já nada avista.
Quero que se esqueçam do meu sorriso, pois ele deixou de existir.
Dizem que “a vida é o intervalo da morte”…
Ou “que a vida são as férias da morte”…
Mas na realidade…
Quantas partes de nós morrem em nós, antes de morrermos?

Vou mascarar-me de vez de morte.
Na sombria e derradeira estadia.

Existimos desassossegados, introspectivos…
(às vezes nem isso…)
Amalgamados… pouco interventivos…
Intrinsecamente defensivos.
A autocensura da liberdade é arguta.
A pura petulância de creditá-la, tantas vezes tolerante…
Já não imagino vida fora das amarras…
Adversas, mas tão consonantes e constantes.
Criaram-se raízes fundas,
Tão profundamente superficiais…

Qual conflito de emoções?
Qual tornado de ilusões?
Quantas mais decepções?
Vivemos num mundo de meras intenções…

Quero estar junto de mim em silêncio,
Para libertar-me dos danos instalados…
Das deficiências que só uma vida vivida pode ter.
Quero esquecer-me do retiro do medo…
Quero a debandada satisfeita…
… o refúgio expedito…
… a utopia…
… o mito.

Além do real, quero o sabor preciso da surrealidade conivente dos sonhos….
E num último sopro majestoso…
Caiar-me de expressões introspectivas como nas derradeiras cenas de um personagem na tela do cinema…
Se em verdade somos actores sociais,
que caia o pano…
que o público se manifeste…
O pesaroso silêncio,
A passiva revolta interna,
Sem rostos…
… gerará consenso.