27 dezembro 2012

Inacabado
























Nem sempre temos respostas para tudo, também nem sempre queremos ter, por não as aceitarmos como nossas. A lucidez caminha assim espaçada, num ensaio que mobiliza os segundos e desintegra as palavras. Assim é o pensamento, sempre imperfeito, caustico, casuístico.

E o que queremos dizer é sempre tão limitado que a nossa própria liberdade de expressão é de imediato posta em causa, intrinsecamente. Auto-intimidamo-nos, mutilando a vontade.

Vivemos sem verdades declaradas, porque nos anulamos de proferir o que o bom senso nos impede. Construímos muros em vez de pontes. Articulamos palavras, em vez de as entoar.

Concorremos por qualquer manifestação de imortalidade, porque os sonhos ainda estão bem vivos e seria de mau tom não os coabitar, momentaneamente que fosse…

E as dúvidas resvalam incolores. Aliás, são a única transparência directa eficaz controlável.

Imoderação nas palavras, nas mais ou nas menos apaixonadas. Exaltação do amor puro, aquele que acontece pelo perfume de rosa branco pérola que num arco-íris minimalista poderá fugir para o encarnado. Que veludo sensível em infinita fragilidade sobreposta.

Que mundo sublime o dos pensamentos que compõem histórias. Existimos, construindo um somatório de capítulos de tamanho alternado e, invariavelmente recolhemo-nos num final inacabado.

Presente Feliz!

















O Zezinho cresceu com o encantamento da presença do Pai Natal e, chegada a proximidade da época festiva, e vendo-se os seus pais na iminência de não conseguir corresponder com os tradicionais desejos embrulhados pela idade, serenamente chamaram-no e tentaram explicar-lhe quem verdadeiramente era o ‘Pai Natal’ que, ano após ano, acertava nos presentes que tanto desejava receber.

Para aqueles e outros pais, o dinheiro era pouco na carteira e os desejos dos miúdos são cada vez mais grotescos. O valor que dão a um qualquer objecto é instantâneo e o que é certo, é que mais dia, menos dia resultará obsoleto e/ou disfuncional.

Já lá vai o tempo em que se podia comprar uma oferta a custo controlado ou até mesmo por uma ‘bagatela’… Lembro-me do pai que dizia que recebia de presente de natal, uma laranja na meia que deixava junto à lareira da cozinha. Hoje, é o avô que não percebe nada de nanotecnologia, apenas de valores reais como a importância dos sentimentos, dos pequenos gestos, dos verdadeiros presentes. Mesmo assim, os petizes lá tentam com toneladas de paciência mostrar-lhes a operacionalidade desses objectos, que acabaram por vir a participar determinantemente no dia-a-dia e se assumem cada vez mais capazes de promover a individualidade e, por sua vez, a solidão.

Diz-se que os avós são pais duas vezes. Talvez estejam em vantagem na hora de transmitir a sabedoria que vão sustentando ao longo da vida e que é muito pouco escutada pelas novas gerações. Todas as vidas se completam num passado que vira sempre um presente. Quantos presentes seremos capazes de oferecer a alguém, apenas com um sorriso? E quantos presentes conseguiremos nós oferecer-nos, justamente por sorrirmos? Que a vida seja sempre um surpreendente presente por desembrulhar…

O Zezinho do alto dos seus nove anos manteve-se calado, entristecido. Era o quebrar do mito mais bonito que acalentara durante anos. Os três abraçaram-se. Após o longo abraço souberam que o amor que nutriam entre eles era o maior e melhor presente que aquele e os próximos Natais podiam proporcionar. Tinham-se uns aos outros para criar um presente feliz.

Entre pausas, vagueavam silêncios incontroláveis que acolhiam as marcas de Inverno que trazem recordações de menino, ao esmiuçar as memórias calorosas trazidas à luz do dia. É o imaginário que recria a beleza do Natal e são as crianças que a (des)constroem.

Naquele abraço costumeiro expressara-se o que as palavras são incapazes de transmitir. A alma gritava incessantemente que o melhor do Natal pode ser reproduzido na infância trémula de estórias do ‘faz de conta’, onde tudo é possível, até mesmo o mítico senhor das barbas brancas!


18 dezembro 2012

Marcas de Inverno...



























Com os Melhores Desejos de Festas Felizes!!!
Um abraço solidário de Natal com muita Luz e muita Energia Positiva para 2013!!!

Elda Lopes Ferreira