30 maio 2012

Terrenos (in)fertéis?!

É perigoso viver de ilusões. É um terreno (in)fértil. Temeroso. Se se pisa sem cuidado, qual mina disparada em potência destrutiva…

Sempre gostei de corações verdadeiros. Daqueles que num piscar de olhos nos arrebatam a alma e nos prendem para sempre. E em jeito de contraditório sei que quando os meus braços não alcançam as pessoas que estão dentro do meu coração, as abraço, as acarinho, afagando-lhes os fios de cabelo no pensamento. E quantas recordações acordam e me aquecem a vontade de as reviver como se da primeira vez se tratasse?

Nos teus olhos vejo a (in)quietude da enfermidade. A Madre Teresa dizia que a maior enfermidade que podia existir era não ser ninguém, para ninguém… Será isso alguma vez possível? Existirá solidão tamanha capaz de uma tão vil rejeição? Que crueza!

Mas tu existes. Enfermo. Mas existes. Desligas-te das vozes que já nada te dizem, mas elas ainda ecoam vulgarmente, dispersas, aturdidas. Encontram-te exasperado e sem sujeito e sem predicado. Chamam-lhes ataques de ‘falsa bandeira’. Têm tanto de acessíveis quanto de demagogos.

A guerra prepara as armas. Mas és tu que estás na mira. O campo de batalha é um fardo que carregas. Peso que a inoperância adversária provocou. O conflito instala-se.

Silêncio. Queres ouvir o respirar do inimigo que te persegue o espírito. Aos sentidos apenas te socorre o suave perfume do jasmim em plena ocidental praia lusitana, em versão camoniana.

Rosa-dos-ventos. Nome de fêmea. Só podia soprar-te ao ouvido a beleza e a essência de jasmim, em ritual de encantamento. Impune, desligas todos os sentidos e rendes-te ao que te traz Kama, o deus do amor (indiano): setas atiradas com flores de jasmim.

Quanta candura estoica.
Quanta brandura irreversível.
Quanta paixão elencada na sublimação elementar da vida [o sonho].
Quantas esperanças ilusórias.
Suadas e contrafeitas…
São as feridas cicatrizadas que constroem vitórias.