31 dezembro 2014

Os Limites Dos Sonhos Não Se Esvaziam!




















É uma reclusão forçada, triste, vazia, a que tomou conta dessa menina…
É vaga a vontade de existir. De tão vaga, vagueia nas ruas e artérias das cidades envolventes.
É vida que da mansidão se exasperou. “Nunca o silêncio gritou tanto nas ruas da minha memória”, escreveu Cassiano Ricardo. Assim tem sido…
Trovas engrandeceram a vida de magia.
Diz-se que os limites dos sonhos não se esvaziam!
Não assim… E é nessa réstia vadia que a solidão se enfrenta. Que a emoção se ausenta e o calor dos dias arrefece.
A instabilidade do tempo mistura-se com as dores da vida. Subtrai pedaços de alma que já não caminham lado a lado.
Essa menina só sabe chorar. E o tempo passado a rezar, dispersa na fé cansada…
Os santos ocupam-se das preces dos outros… O Todo-Poderoso parece fixado noutra distracção.
É difícil explicar os vazios que se voltam a encontrar nos silêncios que se constroem enquanto defesas, que deixam de ser o que são, para se tornarem no escape mais dúbio, mais inconsequente...
É certo que "Ninguém pode censurar a sua verdade."
Nem sentir uma incompreensão constante. (Im)Própria.
Fruto da diversidade das complexas contrariedades desavindas e juntas.
Já nada é passageiro. A tranquilidade faz-lhe falta.
As penas acabarão por morrer.
Afinal… Somos apenas pássaro novo longe do ninho.
Renato Russo diz que “A tristeza não nos muda. Ela nos revela.” Com uma transparência inimaginável… Espero que essa menina não se obrigue a concordar com um outro pensamento do mesmo Renato “E de todas as pessoas, que um dia foram embora, é de mim que eu sinto mais falta.”
Ela não quer ausentar-se, quer ser presença assídua…
A reflexão já não a cura...
Adeus dia… Adeus Ano…
Venha outro, mais Humano!

07 outubro 2014

Chuva de Outono...





















O verde 'Douro' estava ali atracado sem a vida d'outrora...
As águas que escorrem na vertical são incomparáveis ao marejar do horizonte...
Desaparece tempestade... Quero apenas o paraíso das tuas águas cristalinas...
Como preciso de mergulhar nas tuas ondas...
Banhar-me nas tuas águas azuis celestiais...
Privilegiar da tua beleza em mim.
Leva essas gotas salgadas para longe.
Traz o calor que afaga o coração...
Em súplica, leva esse barco a bom porto, não o deixes imóvel, preso a um qualquer cais.
Navegar é preciso!

23 julho 2014

Vivemos de Momentos completa 9 Aninhos!!






















Apesar das palavras submergirem em silêncios… Têm estado em clausura. Talvez não queiram mostrar um universo incomum ou, provavelmente, mais comum do que se imagina. Transcrever a miserabilidade a que os tempos obrigam é um estado de alma que me apetece negar em silêncio. Parece a morte quando bate à porta. Não pede licença para entrar. Imagine-se, então, quem já não tem porta…? Nem janelas…? Nem casulo…? Espera insanamente que o seu processo entre num imediatismo transgénico… É de milagres que se (des)espera… Aguarda-se a anunciação.


[Tudo isto para tentar dizer que já lá vão 9 anos de palavras neste VIVEMOS DE MOMENTOS… e mais de 400 publicações! Vou insistindo numa transcrição fiel do que vejo, mas o que tenho visto, infelizmente não consigo colocar em eufemismos… É (sur)real demais… Estimem-se uns aos outros por um mundo melhor… Talvez a paz e a suavidade nas palavras regressem...]


25 junho 2014

Luz...




















E a morte não me mata mais, tantas que são as lembranças.
E o medo está cada vez mais inseguro diante de mim.
"Antes morrer livres do que em paz sujeitos"…
Toda a minha alma se contorce numa dança embalada desta terna melodia de palavras... E eis que o seu final espaçado e vagaroso a (re)pousa num recanto deste coração sedento de bem-querer…
Talvez a lua desacordada tenha intenção de desaparecer na noite rapidamente…
Nem ela suporta a intensidade das energias que me esvaziam a luz do olhar.
Talvez o sol se esqueça de brilhar, porque o seu calor já não me devolve vida…
E se o alento sustento, vem da profundidade que me trespassa o sentir…


28 maio 2014

Jorro d' Almas

Entrego-me a ti, meu desejo em fonte.
Em corpo de guitarra adormecida
Em água jorrada da alma.
Serenata oculta de música erudita,
Silêncios invertidos
Em pausas meticulosas.
Procrastinação.

Já não se soltam os versos…
Os verbos perderam os seus tempos correctos.
Canduras doutros tempos.
Rumo dos outros retorquido.
Meu não atendido.
Obstinação.

O lado de fora é o mais visível
O de dentro intangível.
Para quem passa…
Escolha de múltiplo vértice, 
Templo cúmplice, encoberto,
Dessa força, dessa raça...
Emancipação.

04 maio 2014

Este dia não voa mais…
















Era uma vez, uma pomba que jazia na pedra que coabita com a brisa do mar e a areia que a si se estende.
O pôr-do-sol seduziu-me a avistar o oceano de perto… No epicurista convite, deparei-me com o ritual que trazia e levava ondas em total desapego…
Sentei-me e fiz-lhe companhia, mas será que estaria eu a receber a companhia da silenciosa morte? Pensava eu que estaria a ser inconveniente… Inoportuna, talvez… Foram tantos os que se aproximaram junto daquele exemplar, que se a curiosidade existe, acredito que possa ser a solidariedade com aquela alma, o fio condutor… Já eu, permaneci!
Novos, velhos, ninguém lhe ficou indiferente… Nos que se aproximaram… Uns acharam que ela estava ali sossegada a meu lado, outros ficaram desiludidos pela sua quietude funesta.
Houve um senhor que há algum tempo observava, sentado, as movimentações e ‘peregrinações’ à pomba… Acabou por vir até ela, constatou a pior hipótese de perto. Comentou comigo, como aquela ave ficou ali tão sossegada. Ao longe parecia viva pela forma como estava aninhada. Achou curioso, como o macho lhe fez a corte e esteve em cima dela, em diversas investidas – Qual abutre da espécie…? Qual macho bravo primitivo? – Contemplou as anilhas que a levariam ao seu pombal… Ter-se-ia perdido dos seus? Estaria em competição?
Disse-me boa tarde e afastou-se…
Logo de seguida um ‘canito’ latia junto do seu dono, que suavemente examinava a pomba. Foi aí que vi que estava magoada junto a uma pata… Pousou-a, deixando-a à sua sorte…
Da brisa veio o vento norte furioso, que me expulsou da vigília involuntária.
Não cheguei a ver o sol a pôr-se. Aqui, nem o santo patrono das causas desesperadas e, ou perdidas interveio… Há momentos assim: “- fatais como o destino!” Como a minha mãe costuma dizer!

Amanhã será outro dia. Este, já não voa mais.


30 abril 2014

Outros voos...

















Assim como dos trapos se fizeram bonecas...
Do casulo sai e voa a borboleta...

Tem-se que penar muito para ser-se: Ser humano...


19 março 2014

SON(H)O

















É impossível que as palavras acompanhem esse amor.
Nesse arco-íris transposto em meia-lua,
Que a noite trouxe em pedaço de luz,
Sob um silêncio obstinado.

É o rouco fado da escuridão que atravessa as ruas,
Que as palavras não encobrem, diante dos dedilhados de uma guitarra lusa, a um passo de ti de distância.

Somos duas metades que se alcançam,
Duas metades que se bastam, numa imensidão de palavras que se acusam, se calam, sobrevivendo em nós.

Trouxe-te para nós,
no fogo ardente em presença e sombra que gela em ausência…
Num mar alto que descomedido avança…

Somos quimera que chora,
Amor-perfeito que floresce…
Aquela hora… nunca se esquece!

A melancolia tem vidas.
A vida tem incertezas.
Privações movidas de tristeza.

Sinto cada vez mais a falta da noite,
Apenas ela me leva a ti, num vagaroso son(h)o…
Daqueles… Felizes!

Os Judeus dizem: Bendito é Deus que muda as horas!
Malditos ‘agoras’!
Infelizes…


12 fevereiro 2014

Saudade






















Como esquecer a saudade,
que se entrelaça com o esvaziar da luz do luar?
Essa mesma que amanhece em mim todos os dias,
querendo apenas me tomar…

A distância nunca foi tão próxima…
A dor nunca se fez tão célere…

Escurece a tua sombra em mim…
Anoitece a fúria da revolta…
Essa dor que permanece…
…que vai, mas que volta…

Os meus sonhos só me (des)compensam (d)as noites frias,
em que adormeço para na tua ausência te encontrar…

É nessa anestesia de amor,
que te cubro e descubro…
É nessa afasia de cor,
que te idealizar é tão somente amor… amor…

O teu perfume, o teu retrato…
Estão no quarto de lua que me resiste,
Tecida a saudade…

Olha a lua desse lado,
Que em pranto recado persiste…
Sem termo, sem idade…


02 fevereiro 2014

Instinto de Sobrevivência



























A memória é assim veloz e transitória, enquanto instinto de sobrevivência…
Queria desligar da corrente… Ou, em última instância, libertar-me das correntes que me aprisionam a alma e que não me deixam viver livremente, que é como quem diz, inconscientemente…
Nos arcos da vida, que todos sejam de “triunfo”, já que o arco-íris é efémero demais para ser um caminho a seguir…
O brilho das cores deste fenómeno natural triunfam em arte pura, mas são impossíveis de tocar, alcançar… 
Os seus extremos vagueiam imediatos e perdidos. Eu também…