05 outubro 2013

Deixar para trás!



























Procurei o tempo mais célere, mas a velocidade deteve-me.
Coloquei as asas no vento, mas a rosa-dos-ventos nem sequer se moveu.
Construí pontes de braços que se uniram, mas as vozes enfraqueceram…
A luz ficou obstruída pela água que cai desalmadamente.
"Não se pode criar experiência, é preciso passar por ela" (Albert Gamus)
Mais ou menos encorpada? Quase como se de um lugar privilegiado se tratasse: “Prefere um lugar à janela ou no corredor"?
Invisível da rua, o lugar pode ficar à descoberta….
“A Vida deveria ter uma linha de apoio ao cliente.” Gratuita, de preferência!
Este “atelier” ensina-nos a pôr em palavras o que apenas guardamos na nossa arca de memórias ou que nunca ousáramos dizer. Sentindo-nos obrigados a calar e escutar, fazendo das palavras dos outros as nossas frases.
Avisto um terraço acolhedor, local onde digerir o fim de mais um dia seria o mais generoso que me poderia acontecer. E fico ali. Somente ali. Opto por desligar das vozes e sons e passo a meditar, mergulhando numa noite em que o sonho se manifeste real e onde as estrelas cadentes dancem no meu olhar… Iluminado pelo brilho da lua e enfeitiçado pelas ondas que vão e vêm sem precisão…
Refeita, o último a sair que apague a geometria obtusa de tudo o que pude deixar para trás.


TEXTO: ELF