31 maio 2009

Crepúsculo...


Tenho sempre a mais ténue lágrima para ti…
Brotando num lusco-fusco que a mim confias…

Tens habitado em mim solenemente…
E entre rasgos de recordações…
Gotejam esperanças lânguidas…
De memórias destruídas…
Que me impedem de abandonar-te…

Já não distingo as realidades proporcionadas pelo meu alter-ego.
Estará ele tão distante de mim?
Planeará ressuscitar-me para o que existe?
Será mero acaso do esquecimento?
Ou serão tons agudos de dor silenciosa?

Apetecia-me deter as dúvidas,
no teu rosto e nas tuas palavras…
Queria que o manifesto fosse proferido através da mais profunda expressividade que jamais poderei ler…
Se a fatalidade me contestasse,
Voltaria a amanhecer…

Queria a ausência de sentir…
Queria ser como o vento…
Queria tentar omitir…
Este sábio lamento…

Não incomodo mais a tua alma
…que descansa por aí…
Não te grito mais…
…experimenta ouvir os meus ecos.

Sentencia tudo o que sentes…
Sentencia a tua vontade…
E admira a tua verdade….

24 maio 2009

É assim... fora de tempo...




Começar de novo e contar comigo
Vai valer a pena ter amanhecido
Ter me rebelado, ter me debatido
Ter me machucado, ter sobrevivido
Ter virado a mesa, ter me conhecido
Ter virado o barco, ter me socorrido
Começar de novo e contar comigo
Vai valer a pena ter amanhecido.

(…)

Ivan Lins e Victor Martins, Começar de Novo

02 maio 2009

Na noite...


Esvoaça estoicamente a melancolia…
Acresce a vontade de te embalsamar num sonho…
Sem estratagemas redutores.

Acabou-se o vício de te sofrer.

Parto em busca dos laços…
Alcanço os teus braços…
Reclamo a saudade já tão cega de tão muda…

Criaram-se espaços…
Esmagadoramente vazios…
Em magia austera…
Em encantamento sombrio…

Preciso dissolver o pensamento
Aquecer o momento
Quebrar com a insatisfação…

Serei o que fizer de mim…
Serei alma na escuridão…

Dedilho palavras que pressinto,
Uso pertinentes labirintos…
Nunca me confesso.
Prefiro evadir-me nos meus inesgotáveis silêncios…