05 novembro 2020

O que de nós ficou pra trás...

E o sol entra livre por entre a cortina que contrai a luz...

Aquela tarde aquecia, brilhava, num silêncio que aprisiona o que o barulho da alma interrompe.
Podia ser um raio ou raios de introspeção, reclusão, mas não.
Cai o dia, um após o outro.
Tempo que passa em voos de ave sem rumo.
Nas suas asas cai a noite iluminada pela luz do luar que se metamorfoseia, livre...
Acalmam os sonhos que ensonados, assombram os dias e as noites que já não se dissociam de tão iguais.
Que a vida, se avive.
Que a funesta morte se afaste.
Regressemos a nós e ao que de nós ficou pra trás.


28 janeiro 2019

Vazios de Mim...


Tomamos a conversa dos outros como nossa para acalmar os nossos silêncios, os nossos vazios comunicativos.
Rumamos às vozes dos outros, porque precisamos escutar mais do que falar, numa entrega introspectiva…
Porque os silêncios aumentam todos os dias. Os vazios também.
E habituamo-nos a este estado de alma.
Não queremos mais presenças desnecessárias, negativas, fúteis, que não acrescentam.
Perdemo-nos em nós de tanto deixarmos de ser todos os dias.
Somos o nosso vício, o nosso bem, o nosso mal, numa perversidade solitária, num caminho sem trilhos,
Completamente vazio.

Encontros e Desencontros...


É nas minhas tragédias que me encontro.
É na solidão que arrefeço as mágoas.
Esperanças vagas, que todos os dias passem.
Contornos que enviesamos,
Caminhos que amamos.
Fins abruptos,
Recomeços constantes,
Trilhos de alegria,
Sem resguardo.
Porque deixamos os dias sem respirar?
Porque deixamos o tempo passar?
Todos os dias passam.
Todos os dias contam.
Quantos sonhos trovejam?

26 setembro 2018

Castiga Saudade!



Escrevo-te estas palavras para saber de ti,
E para sentir-me na tua presença.

Longe é não te pensar.
Longe é não te sofrer.
Longe é a saudade que cresce.

Recolho-me em mim,
Para dar voz à minha loucura,
Que a paixão não censura,
Nem adormece.

Castigo maior não viver,
Sonhar-te,
Amanhecer…

Dentro da saudade de ti.

20 setembro 2018

Queda livre


Romanceamos a vida,
os sonhos,
as pétalas,
amalgamadas pelo tempo que se lhes esgota.
Queremos-lhes uma eternidade que desiste nos dias.
Aromas que se transformam,
Quedas subtis que se perdem...
Esvoaçando...
numa queda livre de fragilidades,
que se perdem no vazio.

29 agosto 2018

Tempo











A vida sabe a pouco.
Turva-se em imagens densas.
Curva-se na ressalva de fogueiras ateadas, reacendidas…
Cinzas que não se toleram.
Criam-se fragmentos de calor e a lenha sempre se apaga.
Morre.
E as dores voltam como pesadelos passados.
E são laivos, todas as preces que atormentam as vozes da penumbra habitada…
E todas as palavras que me habitam são suaves penas de ave colorida.
Fénix renascida,
Aura luzidia que se espraia na vontade que vence.

07 agosto 2018

Águas de rosto
















A vida é uma efervescência de sentidos... 

Numa magnitude ténue,
Distante dos acasos indescritíveis.
Sem filtros... Despida.
Vagueia nas sombras desajustadas,
Irrompe em vultos de alma...
Numa trouxa vã que coleciona amálgamas de feridas saradas pelo tempo.
Cobertas em águas de rosto.
De sentidos perdidos e esgotados...
De luzes apagadas pela noite que trazem um luar intenso,
Um amor imenso, pelo que está pra chegar...

#Espinho#semfiltros

24 julho 2018

Sombras de bem-querer



Quero reencontrar-me na minha própria narrativa,
E, reescrever-me,
Até encontrar outras formas de linguagem…

D’ olhos postos na vida,
Por vezes adormecida,
Foge a coragem…

E esse amor desapegado que trago no peito…
Tantas vezes o leito…
D’ uma gratidão tamanha…

Feita de memórias divididas,
Histórias vividas…
Que a saudade emana.

Canto memórias ao vento,
Num vão desalento,
Incapaz d’ as esquecer…

Conto vidas ausentes,
Transeuntes presentes,
Sombras de bem-querer.

21 junho 2016

Águas...







Há águas que se perdem sem volta...
Escorrem do rosto...
Assim como se esvaem sem vontade numa qualquer fonte...
Águas que fluem...
Águas que rebentam...
Águas que nunca vão parar de correr...

31 março 2016

Falhei Fevereiro, mas Março não!

















Gradativa, a vida envelhece.
Tolda as acções, cada vez mais pausadas, tolerantes.
Previsível, o encanto, cada vez é menor.
A dureza da vida na sua magnitude.
Fortalece. Engrandece a leveza do ser, do sentir, do estar.
Parecem meras formas verbais, mas a exactidão das mesmas são reconhecidas,
Todos os dias, a cada gesto…

15 outubro 2015

Soneto Dez Minutos


















Aroma de mar...
Frio de vida...
Luz ténue...
Escondida...
A gaivota desliza,
num voo constante...
Parece menina,
De tão radiante.
O vento arrefece a alma
O medo arrefece a vida,
Escurecida...
O mar acelerado...
Sempre desajustado...
Aguarda a acalmia...

14 setembro 2015

Dias


O dia em que a cabeça ruiu,
O coração se apagou
E a vida se susteve.
Foi aquele miserável dia em que as forças não vieram,
A respiração perdeu o sopro
E a alma perdeu o medo de se esconder.
Inaugura-se o ciclo da dor.
Atravessam-se as enfermidades quase funestas.
Atiram-se as horas para os dias que surgem mais densos e longos.
Previsíveis, mas instáveis.
Cáusticos e atrozes.


04 setembro 2015

Como reagiam?















Podia ser seu filho, irmão, primo, neto, filho de alguém conhecido ou simplesmente um amigo, mas acima de tudo vai ser sempre uma criança…
A imagem choca. As circunstâncias avassalam. Ocorre-me a palavra: impotência, seguida de uma segunda: revolta.
Todos nós já tivemos três anos… Uma alegria irrepreensível… Provavelmente a inocente infância é a fase da vida em que a felicidade transborda e melhor nos descreve.
Invade-nos uma força hercúlea… Todos os sonhos do mundo nos pertencem...
Ao que parece... “Éramos todos humanos até que… A raça nos desligou. A religião nos separou. A política nos dividiu. E o dinheiro nos classificou.”
É toda esta inconsciência e inconsistência de (des)enganos que tem prevalecido.
Não há como ignorar, mas como combater?
Quantos mártires terão que coexistir?
Espera-se uma reacção. Espera-se urgência.
Senhores das guerras se fosse seu filho, irmão, primo, neto… 
Como reagiam?

21 agosto 2015

Alma de Vida


É no descanso da alma que reparo que as folhas caídas demoram a sarar.
Nunca estamos preparados para as partidas da vida…
Fica-se num estado letárgico para além da esquizofrenia das vontades.
A partilha de alegrias que encheu corações…
Converte-se agora em vidas abandonadas, em troços invisíveis...
Sombras que o tempo abandonará…Vultos desventurados…
Vivo fora de mim.
E, as imagens felizes que me encontram, trazem boa energia, vitalidade…
A felicidade dos outros contagia-nos.
Ajuda-nos a acreditar que vitoriosos são os que acreditam que a chama vai voltar a aquecer e que a luz voltará a brilhar.
Vou descansar a vida desta alma…
E alimentá-la de palavras que custam a voltar.

30 junho 2015

A um mês da década...


Falta pouco para que todo este conjunto de palavras construa uma década a que dei vida.
Às vezes a vida, a oportunidade chegam tarde...
Assim tem acontecido com as palavras...
Que andam entorpecidas... 
Ou quem sabe, cobardemente silenciosas.
Expulsam-se vidas que teimam em estar omissas.
Êxodos inconstantes.
Actos de contradição que nunca se irão esquecer.
Que os silêncios e as pausas se auto-excluam.
E que as vozes continuem a ecoar...