23 março 2010

Palavras de homenagem...


UTWO

Num recanto de uma cidade indiferenciada…
Surge a melodia de uma canção sem números,
Numa rua,
Numa cidade,
Em numerais paralelos…
Com contornos singelos,
Com pouca idade…

Trespassam-se vidas diante dum coração rabiscado…
O preto, o vermelho, o branco…
Formam um colorido ingénuo de marca de água…
Em forma de papel timbrado…

Passam pessoas que carimbam
Presenças vividas…
E ausências sentidas…

Em que num oceano de sabores,
Se escondem gelados de múltiplas cores…

Notas gentis…
Que acompanham a atmosfera…
Quando os instrumentos acordam a magia
Quando a música se entranha...
Esquece-se que o dia vira noite...
E que a noite vira dia...

Grãos de café…
Pós… Poções…
Quentes… enregeladas…
Num misto de infusões e sensações…
(Em)Bebidas em qualidade
Numa sombra a descoberto…
Num poema sem Idade…

Atravessam-se estações…
Apura-se o tempo que teima em passar
Misturam-se seres, ilusões…
Multidões, homenagens…
Ritmos, bandas…
Onde neste espaço…
Se é “pessoa entre a multidão”…

Chama-se UTWO…
E veio cortejar Espinho com a sua arte.
Que parte, da mestria do sabor requintado…
Num acorde suave…
Em tom grave…
Num Espinho de beleza que se chama Cidade…


Elda Lopes Ferreira
Março|2010

10 março 2010

Mulheres Coragem

E quando uma Mulher abre o seu coração… Fala todos os dias a mesma coisa: no amor e na alma que deposita a cada segundo, em cada interveniente físico ou metafísico…
Nunca julga um dia perdido, rende-se a todas as suas descobertas diárias.
No seu diário regista as memórias mais ocas, mais vivas, mais dúbias e, não precisa ser Menina ou Mulher.
Fala de rosa cravada ao peito, sem espinhos cavernosos, suspirando e sugando a sua eterna beleza, fragrância, mesmo quando estes pedaços de ternura chamados flores se definham na juventude… Como defendem a brandura desta insígnia…
Oferecer o perfume… a textura… este delicado ser vivo… a uma Mulher…
É um acorde duma ode, dedilhada sobre uma harpa fantasiosa...
É um toque d’ alma… Que se perde no espelho do brilho no olhar, enternecendo a voluptuosidade do sorriso… E aquecendo o peito.
Cai a noite escura… Apagam-se as luzes fugidias… E aquela alma ainda não descansa…
Quer ser o que não é, quando já é tudo numa valente chusma multidisciplinar.
A história conta-se no feminino, pois a Mulher é a essência de qualquer vida, num submerso paraíso feito porto de abrigo…
É o poema, a rima e o verso, escondendo-se entre ritmos mais ou menos pausados.
Na tempestade afaga o medo.
E na sensibilidade é anfitriã…
Há muitos anos que o mundo reconhece uma ténue folha de papel vegetal, que de tão débil e frágil se chama Mulher…
Pega-se na pena, que se embebe na tinta e redigem-se palavras soltas que se plasmam umas nas outras folhas… em réplicas que vão perdendo nitidez até a cor se perder.
Apregoam-se chavões de igualdade, mas enquanto a cor se perde, também as vozes temem um
mesmo mundo castrador e inibidor das suas leis.
Que ‘façanhas’ tão bem escritas…
Quando é com a mesma tinta que se pinta o cenário de tantas culturas que ainda estão desencontradas com este tempo…
Quantas mãos de Mãe perdem força para carregar o seu calvário?
Quantas Mulheres ainda hoje vêem a vida por detrás dum pano esburacado?
Quantas Mulheres vividas não chegaram a viver verdadeiramente?
Qual o dorso mais bem guardado da humanidade?
Para quê continuar a carregar um meio mundo onde se apartam grandes Mulheres invisíveis?
A todas quantas deram a sua vida por um sonho…
A todas quantas se expõem na busca incessante dos seus ideais…
A todas que guardam a esperança de atingir a supremacia…
Digo-lhes…
… que a bandeira está a meia haste.
O que não quer dizer que esteja de luto, mas tão somente que está içada.
… que a vontade evoca a promessa.
E, já nos habituamos a reconhecer que não há impossíveis.
… o uníssono Feminino garantirá o Ouro pela quantidade de metas transpostas a cada dia…
Todos os dias…