20 janeiro 2011

(Des)Encontros?!


Vou cravando os lábios entre dentes, em tom de êxtase pela tua presença inerte e encantada…
A tua surpresa é como a névoa que jorra em fracções de segundo, todas as memórias que escavei em ti.
O que desconhecemos uns dos outros? Uma infinidade de pensamentos tão clandestinos, quanto aquilo que o nosso próprio inconsciente esconde. E do qual temos uma vaga ideia! Igualmente, se doutra forma fosse, estou certa de que iríamos acumular imensos detalhes difusos… As vulgares enxaquecas, converter-se-iam ordinariamente numa ‘vulgaridade’ absurda.
Não esqueço o teu rosto. E aquelas palavras que disseste. Talvez fossem palavras predefinidas ou preconcebidas, mas recordo uma a uma: «Ligo-te no olhar, desligo-te no paladar! Ligo-te quando estranhas, desligo-te quando esperas! Desligo-te agora. Ligo-te já…» ‘Coisas’ de homens ou coisa que o valha. Dizem estas coisas, mas são independentes da conformidade. A ‘pseudoignorância’ e a ‘pseudo-auto-consciência’ não têm limites… A presunção do auto-controlo e da auto-sapiência é invulgarmente deliciosa! Mas só o que existe, é desejado realmente…
Carecia de tempo real, porque meia dúzia de minutos tem sido muito pouco…
“Para quem diz não ter tempo, que tenha tempo, de no tempo encontrar o tempo.” Ai, Paulo T. Fonseca, e encontrar-me neste tempo?
Tenho abraçado a vida de forma incondicional, mas o ar tem vindo a asfixiar-me ferozmente. Tem estado turvo, tal como a minha visão tem estado intransigente e apagada. Todos enganamos a morte ou vamos enganando… num período inconstante e indefinido.
Identifico-me com o abandono da (ou à) sorte, sem o teu cheiro, sem o murmurinho calando palavras doces no meu ouvido, sem o teu corpo atracado ao meu.
Se me amas conduz-me, que sinto-me a vaguear no espaço e o universo parece-me muito acanhado, diminuído e minúsculo.
Tenho saudades de te ver no meu jardim d’ alma, ‘amor-perfeito’.
Colorido, mas discreto.
Personificado, mas concreto.
Quando escuto que “a solidão não é mais que um sentimento egoísta que nos faz pensar que estamos sós, quando na verdade estamos rodeados de tudo o que nos ama” atinjo a minha imperfeição enquanto ser.

4 comentários:

Unknown disse...

Acabei de ler o teu post...nem sei muito bem o que dizer! Perpassa pelo teu texto um tom de tristeza que também me entristeceu...porque também eu já vivi estes(Des)Encontros...mas tu terás que exorcizar esses fantasmas! A vida é curta e tão surpreendente! Guarda um espacinho no teu roupeiro para guardares esses esqueletos...eu também os tenho, sabes? E vive, vive, vive, porque vivemos de momentos...e esses serão sempre nossos, enquanto quisermos!
Continua a escrever, Elda! E dá-nos o privilégio de partilhar connosco essa tua profundidade! Isso é um dom reservado a poucos!

Eldazinha disse...

Para quem não sabia o que dizer… disse bastante! Ora, a escrita nem sempre é autobiográfica. E isso deve saber melhor que eu!!!! =)
Fico ‘orgulhosa’ pela tua (e espero que por outros de mais seres) identificação com as palavras que escrevo, quer seja num passado, num presente, ou quiçá, num futuro… As palavras não se apagam, principalmente quando estão escritas e reveladas!
(Des)Encontros, será uma como diz a canção: “Cartas de amor, quem as não tem… | Cartas de amor, pedaços de dor… Sentidas de alguém…” Por acaso não sei se o Tony de Matos, que a cantou, também o Francisco José, se a escreveram. E cantaram-na apaixonadamente… Chamar-se-á interpretação apenas das palavras próprias ou d’ outrem?
Das palavras, à música, do cinema, à pintura, digamos que globalmente todas as artes sobrevivem com a identificação de alguém/ns que as faz viver, reviver… Que lhes dota de autonomia…
Viver de momentos, vivo e viverei todos eles… (não tenho espaço no armário para os esqueletos, prefiro conviver com os meus macacos do sótão!!! =) Desde que não andem sempre em farras que a minha cabeça não aguenta!!! Esses estão sempre comigo.) Com a mesma intensidade e não menos ‘profundidade’, que referes… É esta a minha ‘estranha’, ou nem tanto, forma de vida!
Quanto ao dom, se o é, que me acompanhe! "Amén"! =)

Maria Alves disse...

E está tudo dito! Já és uma escritora!

César João disse...

Parabéns pelo blogue,sinceramente,não conhecia!