Nem sempre temos respostas para tudo, também nem sempre queremos ter, por não as aceitarmos como nossas. A lucidez caminha assim espaçada, num ensaio que
mobiliza os segundos e desintegra as palavras. Assim é o pensamento, sempre
imperfeito, caustico, casuístico.
E
o que queremos dizer é sempre tão limitado que a nossa própria liberdade de
expressão é de imediato posta em causa, intrinsecamente. Auto-intimidamo-nos,
mutilando a vontade.
Vivemos
sem verdades declaradas, porque nos anulamos de proferir o que o bom senso nos
impede. Construímos muros em vez de pontes. Articulamos palavras, em vez de as entoar.
Concorremos
por qualquer manifestação de imortalidade, porque os sonhos ainda estão bem
vivos e seria de mau tom não os coabitar, momentaneamente que fosse…
E
as dúvidas resvalam incolores. Aliás, são a única transparência directa eficaz controlável.
Imoderação
nas palavras, nas mais ou nas menos apaixonadas. Exaltação do amor puro, aquele
que acontece pelo perfume de rosa branco pérola que num arco-íris minimalista poderá
fugir para o encarnado. Que veludo sensível em infinita fragilidade sobreposta.
Que
mundo sublime o dos pensamentos que compõem histórias. Existimos, construindo
um somatório de capítulos de tamanho alternado e, invariavelmente recolhemo-nos
num final inacabado.
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