27 dezembro 2012

Inacabado
























Nem sempre temos respostas para tudo, também nem sempre queremos ter, por não as aceitarmos como nossas. A lucidez caminha assim espaçada, num ensaio que mobiliza os segundos e desintegra as palavras. Assim é o pensamento, sempre imperfeito, caustico, casuístico.

E o que queremos dizer é sempre tão limitado que a nossa própria liberdade de expressão é de imediato posta em causa, intrinsecamente. Auto-intimidamo-nos, mutilando a vontade.

Vivemos sem verdades declaradas, porque nos anulamos de proferir o que o bom senso nos impede. Construímos muros em vez de pontes. Articulamos palavras, em vez de as entoar.

Concorremos por qualquer manifestação de imortalidade, porque os sonhos ainda estão bem vivos e seria de mau tom não os coabitar, momentaneamente que fosse…

E as dúvidas resvalam incolores. Aliás, são a única transparência directa eficaz controlável.

Imoderação nas palavras, nas mais ou nas menos apaixonadas. Exaltação do amor puro, aquele que acontece pelo perfume de rosa branco pérola que num arco-íris minimalista poderá fugir para o encarnado. Que veludo sensível em infinita fragilidade sobreposta.

Que mundo sublime o dos pensamentos que compõem histórias. Existimos, construindo um somatório de capítulos de tamanho alternado e, invariavelmente recolhemo-nos num final inacabado.