Mostrar mensagens com a etiqueta Foto - Matosinhos | Julho 2011. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Foto - Matosinhos | Julho 2011. Mostrar todas as mensagens

19 julho 2011

Feridas Expostas [IV]


Doce espírito indomável, indelével que o vento espirra, gritando: - ‘saúde’!
Qual dualidade Yin Yang da filosofia chinesa! Só se for em versão acelerada das duas compactadas numa só, em plena interacção de forças!
Acho que as únicas caras de espanto são as dos adultos, absolutamente incrédulos ao que assistem, quando a pequena Bruna vocifera conversas de gente crescida.
- Raios partam a miúda! Bolas!
Ela é um completo desequilíbrio dinâmico de hiper-actividade. Com o Yang a ser fortemente favorecido.
Activa e luminosa, como ela só... Vem a noite e compassa-se com a passividade da noite fria, do repouso e da escuridão. (Como somos escandalosamente movidos a forças ancestrais e cabalmente opostas, hein?! Meras manifestações ou mutações de horror?!)
Aquele olhar pequenino brilhava ao passo que se hipnotizava diante duma montra repleta de gomas de todas as cores, feitios, sabores com e sem aquele ‘açúcar’ ácido celestial!
Lia-se nos olhos da pequena Bruna o salivar de desejo daquelas cores deliciosas e docinhas dentro daquela boquinha minúscula…
Vendo-a naquele êxtase, Ricardo, pede à menina da loja que embrulhe umas boas gramas de gomas para grande regalo da sua pequenina, que esboça toda a sua felicidade no rosto!
Ricardo partilhou com a filhota as guloseimas. Pareciam duas crianças, esqueciam-se idades e o amor era muito mais que um mero laço ou sentimento. Pertenciam-se.
Aquela tarde continuou entre muita brincadeira pelo parque infantil, Ricardo manifestava vontade de se incluir nos baloiços, escorregas vindos de túneis, labirintos, pirâmides, jogos de escalada, jogos de molas, ou ainda alguns jogos temáticos. Bruna sentia-se no paraíso, sempre sob o olhar atento do pai, outros pequenos acabavam por brincar com ela, no fundo todos os miúdos acabam por sentir afinidades quer para a brincadeira, quer para afastar a solidão. São bem mais genuínos e menos insidiosos.
Aproximava-se a hora do jantar, quando Ricardo chamou Bruna para irem embora, que já se fazia tarde. A mãe esperava-a. Tinha sido um fim-de-semana fantástico. Os amigos e familiares de Ricardo adoravam aquela menina encantadora. Antes mesmo de a levar à mãe, já adivinhava a tristeza de ter de deixar partir um pedaço de si.
Bruna, antes de chegar a casa da mãe e com um tom melancólico pergunta-lhe:
- Pai quanto vamos ficar todos juntos novamente?! Quando voltas para casa?! Gostava que continuasses a contar-me a história do Principezinho, que o tio deu.
Ricardo tentando conter as lágrimas e no fundo as emoções que quase o afundavam desta vida, olhou-a nos olhos e disse:
- Pequenina, deixas sempre o papá sem palavras. É complicado para ti perceberes que eu e a mamã já não gostamos um do outro, mas amamos-te muito, por isso aceitamos viver separados!
- Mas pai, eu não consigo adormecer sem ouvir as histórias que me contas, a mamã não tem tempo para isso. ‘Tá sempre a trabalhar! - Resmungava.
Ricardo pegou-a no colo e abraçou-a, até a mãe chegar.
A lei é ainda muito submissa e retrógrada para pais e filhos… Há muitos tipos de amor. E, claro está, todas as pessoas estão mais ou menos vocacionadas para serem pais, mães… Uns mais do que outros, mas sem dúvida que é uma questão extremamente complexa, que não se compra, não se vende, apenas se dá incondicionalmente.
O afecto não se compreende a normas, estará muito longe disso…
Apesar das rédeas se regerem pela exactidão, existirá ainda muito caminho por percorrer!
Muitos paradigmas por desvendar…

15 julho 2011

Feridas Expostas [II]


É vulgar ficar encalhada em mim, em ti, como se o mundo desse voltas e mais voltas ao meu, ao teu redor… Não sei mais como que se sustenta esta relação. Se com palavras, gestos, paixão, amor, ou tudo junto ou tudo meio emparelhado.
Talvez porque o egoísmo não queira ninguém ou tenha tendência a não saber o que quer… Senão a frívola prosperidade!
Em períodos de dúvida voltam-se os arrependimentos, lembram-se as intempéries, remexe-se no sofrimento e amplia-se a melancolia. Raras vezes nos separamos do que nos fez sentir o amargo de boca. Deixamo-lo na nossa clausura interior [pseudo]inconsciente a marinar indefinidamente.
Dos erros passados brotam descobertas surpreendentes, seguram-se os laços e floresce o carácter que tem por hábito, em situações acesas, ausentar-se sem pedir.
Da personalidade angustiada, surge um radiante amanhecer. Parece-me que as noites de penumbra e de solidão já não viam a luz do dia há uns bons milhões de trevas, que não sei se diferem dos longos anos-luz!
Todos estes detalhes tornavam a missão de descoberta mais intolerante. Colhiam enganos fortuitos. E o único receio era continuar a persistir no erro. Como? Justamente persistindo.
O sabor agridoce da submissão, da passividade releva-nos para a possessividade, mesmo que nunca nada seja definitivamente nosso. Por isso desprego a bandeira branca em sinal de rendição às evidências e troco-a por mim.
Serei sempre o que quiser, poderei sempre ser medalha de troca, mas nunca conseguirei atingir na plenitude, o que só eu sou por o sentir.
Pode parar a tempestade. Pode parar o vento. Pode bem nascer o sol. Aliás, diz-se que quando ele nasce é para todos, só que nem todos o aproveitam! Deixam-no deitar-se no mar… Sem que seja avistado, da mesma forma que costuma ser o primeiro a acordar, sem testemunhas…
A temperatura é tão relativa quanto é a sua imprevisibilidade. O tempo, tal como as pessoas, faz muitas caras… Sobejamente diz-se que é independente e emancipado.
Não obstante, a dependência é comum e a emancipação lá terá rasgos de consistência.

11 julho 2011

InTEMPOralidades


Nunca ninguém é perfeito nas atitudes, nas respostas ou até mesmo no sentir.
No fundo, acaba-se por ser-se comedido(a) uma vida inteira. Não quero com isto afirmar que as pessoas se devam limitar à extinção ou, por outro lado, que alguma vez tenham sido incorrectas, sem que isso tenha acontecido. É sempre preferível aceitar que ninguém é de ninguém, e que se depositarmos expectativas sobre alguém, o problema é inteiramente nosso. A nossa maior semelhança com os outros, analogamente é a diferença. Somos únicos e essa é sempre a margem de manobra subjacente a cada ser… Ser-se único é uma característica que nos assiste, nem que tenhamos irmãos gémeos, siameses, etc. etc. se pode afirmar igual…
É vulgar dizer-se que tudo tem o seu tempo de acontecer…
Talvez numa vã esperança que o tempo esvoaçasse e recolhesse a névoa obscura que embaraça os meus olhos… Procurei frases e conceitos prosaicos sobre tempo e mais tempo que ora se deixa levitar lentamente ou desassossegar…
Tentei amalgamar tudo e ser mais ou menos comedida… Acabei por tentar escrever e agregar alguma coisa que tem tanto de imprecisão, quanto de provocação. Cá vai:

DÁ TEMPO À TUA VOCAÇÃO porque O TEMPO TORNA TUDO IRREAL. Tem-se O PASSADO COMO BASE PARA O PRESENTE, tem-se O TEMPO E A VAIDADE assim como existe AMBIGUIDADE E ACÇÃO... Mas afinal, o que importa efectivamente é O VALOR DO TEMPO, NÃO O TEMPO DESPERDIÇADO POR NEGLIGÊNCIA, mas A NATUREZA SUBJECTIVA DO TEMPO.
A VELOCIDADE DO TEMPO É INFINITA. Ou seja, a HISTÓRIA E O TEMPO SÃO SEMPRE CONTINGENTES: n’O EFEITO DO TEMPO E NA MUTABILIDADE DAS COISAS.
O HOMEM NO SEU SÉCULO sofre com A TEMPORALIDADE. É NECESSÁRIO ESTAR SEMPRE EMBRIAGADO para prever O EFEITO DO AFASTAMENTO NO TEMPO.
O PRAZER E O TRABALHO, O TEMPO E O ESPÍRITO, O TEMPO E O TÉDIO, em suma, TEMPO E IDADE fazem crer que A CONTAGEM DO TEMPO PREJUDICA A CRIATIVIDADE e que O TEMPO REDUZ TUDO A NADA.
Aliás, entre O VAZIO DA PRESSA E O DINAMISMO, O MAIS INFALÍVEL VENENO É O TEMPO. O RÁPIDO PASSAR DO TEMPO É SINAL DE INACTIVIDADE… Assim como AS HORAS são O PARADOXO DO TEMPO.
TEMPO É MUDANÇA mas para que a mudança aconteça é preciso SABER DESFRUTAR TODOS OS TEMPOS e DAR SIGNIFICADO AO TEMPO.
NÃO HÁ RELAÇÃO ENTRE AS VERDADES E O TEMPO, provavelmente e seguramente, NÃO HÁ NADA QUE RESISTA AO TEMPO…

[Cábula de autores]
DÁ TEMPO À TUA VOCAÇÃO Saint-Exupéry, Antoine de porque O TEMPO TORNA TUDO IRREAL Weil, Simone tem-se O PASSADO COMO BASE PARA O PRESENTE Weil, Simone tem-se O TEMPO E A VAIDADE Aires, Matias assim como a AMBIGUIDADE E ACÇÃO Hatherly, Ana... Mas afinal, o que importa efectivamente é O VALOR DO TEMPO Séneca, NÃO O TEMPO DESPERDIÇADO POR NEGLIGÊNCIA Séneca, mas A NATUREZA SUBJECTIVA DO TEMPO Hegel, Georg.
A VELOCIDADE DO TEMPO É INFINITA Séneca. Ou seja, a HISTÓRIA E O TEMPO SÃO SEMPRE CONTINGENTES Kierkegaard, Soren, n’O EFEITO DO TEMPO E NA MUTABILIDADE DAS COISAS Schopenhauer, Arthur.
O HOMEM NO SEU SÉCULO Gracián y Morales, Baltasar sofre com A TEMPORALIDADE Sartre, Jean-Paul. É NECESSÁRIO ESTAR SEMPRE EMBRIAGADO Baudelaire, Charles para prever O EFEITO DO AFASTAMENTO NO TEMPO Kierkegaard, Soren.
O PRAZER E O TRABALHO Baudelaire, Charles, O TEMPO E O ESPÍRITO Woolf, Virginia, O TEMPO E O TÉDIO Mann, Thomas, TEMPO E IDADE Schopenhauer, Arthur fazem crer que A CONTAGEM DO TEMPO PREJUDICA A CRIATIVIDADE Valéry, Paul e que O TEMPO REDUZ TUDO A NADA Schopenhauer, Arthur.
Aliás, entre O VAZIO DA PRESSA E O DINAMISMO Adorno, Theodore, O MAIS INFALÍVEL VENENO É O TEMPO Emerson, Ralph. O RÁPIDO PASSAR DO TEMPO É SINAL DE INACTIVIDADE Pavese, Cesare… Assim como AS HORAS Cunningham, Michael são O PARADOXO DO TEMPO Lichtenberg, Georg.
TEMPO É MUDANÇA Kaufmann, Walter mas para que a mudança aconteça é preciso SABER DESFRUTAR TODOS OS TEMPOS Séneca e DAR SIGNIFICADO AO TEMPO Pavese, Cesare.
NÃO HÁ RELAÇÃO ENTRE AS VERDADES E O TEMPO Ortega y Gasset, José, provavelmente e seguramente, NÃO HÁ NADA QUE RESISTA AO TEMPO Torga, Miguel.