26 novembro 2008

Viva la vita colorata...


Estou desfasada desta fase da vida. Boa aliteração!
É mesmo isso.
Uma repetição intensa dos meus ritmos em “efeito sonoro significativo”…
Efeitos sonoros?
Ouço um silêncio: o das lágrimas a verter…
Ao corar… envergonho-me de veres que a tristeza me preenche e me invade…
Deixem-me viver estes fragmentos severos renovadores.
As ruas exalam aquele suave perfume a lenha queimada….
Preciso do calor duma lareira… que a minha existência anda arrefecida.
E tu? Continuas frio, invernal… esfumado como as cinzas e faúlhas que caem soltas das chaminés no fim do Outono?
E no baú das recordações, ainda guardas as doces jornadas junto do fogo que se ateava em tom de brincadeira? Aqueles em que aquecíamos o ambiente e o coração?...
Na verdade, enchíamos o mundo de cores tão quentes, quanto o manto da alegria nos preenchia o espírito.
Lembro-me que numa dessas noites, acordei febril. Balbuciava palavras… que já não lembro… se tivesse um papel tê-las-ia anotado. Eram palavras com vida própria como todas as que as minhas mãos escrevem.
É um imediato irreflectido, que posteriormente absorvo como verdades irrefutáveis.
Como se explica o inexplicável?
Como se aplica o desconhecimento nas palavras que (d)escrevo?
Como falo do que nunca existiu como se fosse a minha circunstância?
Porque se cruzam pensamentos demasiadamente reais que me confundem?
Aquilo que fica gravado além da retina é o que dificilmente se esquece.
Que doces memórias vou construindo da vida.
Vi com «estes» olhos a paixão… ela existe tão exacerbada… Tão franca…
Que nem sei para onde fugir com o olhar…
Esse tão feroz e involuntário instinto distintivo.
E por mais que tente desviar, vai sempre ter à direcção incorrecta.
Que mania de andar com os olhos em contra-mão.
É por isso que digo que o «não ter» é relativo e o «querer» decisivo.
Vou parar…
Vou adormecer e esquecer-me de mim…
E… por instantes desmaio na letargia do sonho…
Preciso sonhar pra me manter acordada…
(Quiçá… Viva)…

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