02 outubro 2009

Vidas de luto...


Já não somos duas almas caídas… somos alguém que não faz sentido longe.
Demos o passo da independência múltiplas vezes e voltamos sempre a insistir na teimosia exacerbada dos egos tolos…
Já não sei que nome lhe atribuir…
Pois de tanto coleccionar vontades,
Tornei-me mendiga.
E de tanto chorar,
Fiquei sumida…
Já esqueci a felicidade de escrever histórias de amor…
As próprias letras já não se reúnem, concorrem umas com as outras avidamente.
Estou num conflito pesaroso…
E, nem os filhos da escravidão penam tanto…
Sei que são palavras sem nome… sem sentido…
Sei que sinto a solidão no meu braço esquerdo…
Porque o direito te estende sempre a mão…
Quero-te infinitamente…
E não apenas o diário de ti, que escreves superficialmente…
Morreria por ti…
Saltaria dum penhasco para te libertar a alma…
Libertaria as amarras e os laços fortes que plenamente me possuem.
Porque sempre acreditei na força que não tenho, mas que se oferece ao meu chamamento…
Acredito no gelo que me congela os gestos mais incomuns na hora certa.
Sem que o negro da noite e o escarlate do pôr-do-sol me vistam os sentidos.
Dispo-me do que não gosto em mim, visto-me num quadrante de harmonia e sensibilidade…
E apenas sinto saudades das franjas da idade…
Das orlas que para trás ficaram…
E das ondas que vieram ao meu encontro e partiram, sem nenhum revés.
O que calço… o que visto…
Apenas distrai a tristeza…
O que vejo… o que ouço…
Pouco capta a minha atenção…
Com quem falo?
Contigo… comigo?!
Talvez comigo e contigo em dialecto translúcido…
E se bebêssemos da mesma fonte de prazer…?
O meu filme abandonaria o terror e cairia na quimera do final feliz…
Seria seduzida a cada dia do ano…
E não de vez em quando…
Queria o meu inverno de calor e de amor…
Para espantar o gelo impetuoso deste verão…
Será que é preciso achar alguém para amar?
Destruir todas as fotografias?
Arrancar as memórias e as frases feitas?
Reencontrar no verde qualquer tipo de esperança?
Recusar-me a ver as barbaridades deste mundo que não escolhi para viver?
Ir para longe para saber (re)conhecer vida diferente?
Em desatino…
Em desalinho…
Em desajuste…
Conviverei comigo que é o mesmo que dizer que convivo connosco…

2 comentários:

Nuno G. disse...

descobri-te... fiquei encantado!

(www.minha-gaveta.blogspot.com)

Rosa disse...

perfect** e cm me sinto assim... que bom voltar a passear por entre os amigos do blog :)