23 julho 2010

Saudades. São apenas Saudades...


Não sei se é dor, mas sei que sinto algo.
É costume tentar definir-se tudo ao ínfimo pormenor…
Mas será que a ciência consegue explicar o transcendente mundo das emoções?
Escuto uma voz sem qualquer som.
Que faz eco não sei de onde ou de quê…
Entranha-se-me e não me liberta enquanto não me dispuser a ouvi-la.
Povoa-me a mente de uma forma absoluta.
Desconcentra-me. Desconcerta-me.
Arbitrariamente envia-me para um estado de pura incoerência.
Apenas aquele pensamento me move.
Apenas aquela dor (?!) se sente.
Apenas aquele pensamento me possui e me perverte…
Dói.
Dói de mais perder-me de mim por ti.
Que dor avassaladoramente incontrolável.
Que cenário inabalável.
Que vida coberta de sombras mascaradas de fantasmas correntes.
Que névoa forte que me inutiliza a visão.
Que luto dormente inaudível.
Que saudades de ti.

4 comentários:

Anónimo disse...

O meu coração é um espaço pequenino, não tem quartos requintados, nem salas, apenas espaços abertos.
Tenho cantos e recantos onde guardo recordações e sobressaltos que vêem aqui parar.
Por vezes apelo aos efeitos da anatomia.
Puxo o amor, afasto desencontros tristes com a alma e serenamente sacudo o pó das janelas.
O meu corpo ressente-se.
Não debito duas palavras e meia, tremo na escrita e cada golfada de ar, transforma-me num moinho de vento.
Fico tempestuoso, enjaulado, absorto, entre o náufrago de ideias e o cavaleiro de armadura na Távola Redonda.
Tento palavras polvilhadas sem parcimónia, portas abertas, e o espelho da vida na passagem do tempo, como sem nada na manga.
E bate devagar, compassado, em sessenta por minuto, mais coisa menos coisa, neste espaço pequenino, onde habitam, funcionários de qualquer multinacional de transporte do sangue e do oxigénio.
Valha-me deus que a coisa está preta e o meu corpo ressente-se.
Já não idealizo nem transformo duas palavras e meia por meia de frase, nem adorno pensamentos com flores e serpentinas.
Já não sei o tempo certo do tempo nem a duração do tempo certo, enquanto ele adormece cansado num batimento cadenciado, como relógio recheado de alquimias.

Eldazinha disse...

Só não sei quem é o sr/sra anónimo/a mas gostei deste ritmo nas palavras...

Talvez o tempo seja fértil em alquimias...
Talvez sejam elas que permitem que não adormeçamos...
E se um coração pulsa a cada movimento do relógio,
Respiremos pela eternidade.

Obrigada!

Anónimo disse...

direi apenas que a é a admiração que tenho pela autora do blog que me faz escrever mil palavras neste mar silêncio...

Eldazinha disse...

Agradeço uma vez mais!

Afinal ainda alguém lê o que escrevo...

A propósito amanhã o meu blog faz 5anos...

Um abraço!