20 setembro 2012

A luz que se escorre na água



















Apagou-se a luz. Aquele véu de insegurança translúcida castrou-se.
O sol (im)pôs-se naquele dia, como em todos os dias em que se exibe majestoso. Foi uma imposição temporária. Também já era seu hábito.

A compleição da imperfeição tem na mãe natureza todo o seu expoente máximo. A beleza tem dessas coisas. Serve para enriquecer quem a encontra através da contemplação, assim como é nula para quem passeia cego na vida.

Talvez a versão optimista veja a graciosidade das coisas, ao passo que a pessimista se obriga a torná-las invisíveis. E o invisível é um vazio enorme que se sustenta por si só.

Criam-se vazios gigantes. Morre-se antes de viver. Incorre-se na lamúria gratuita que se esbate na sombra de quem assim quis viver e desistiu, prontamente.

Diz Shakespeare (em "Vencer se Possível, Desistir Nunca") que:

“As falhas dos Homens eternizam-se no bronze,

As suas virtudes escrevemos na água.”



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