E toco nas palavras enformando-as como um arco-íris que aparece e desaparece num ápice. Reflexão que não chega a alcançar a memória. Palavras desconstruídas que se alinham em labirinto inconsciente com a consistência natural da autenticidade.
Essa vida autónoma endemoniada segue só e (re)aparece quando a inspiração flui inqualificável, inquantificável, deserta, superlotada, ensaiando manifestações de papel e caneta ou os automatismos tecnológicos mais rebuscados.
As palavras rendem-se à vida que nelas habita, a sós, acompanhadas, precedidas, complementadas, gerando uma polissemia discreta, única.
É na transversalidade das palavras que significam que se encontra a capacidade de metamorfose, ao ritmo da inquietude das mentes que as levam… O seu dono, impávido e sereno, deixa-as voar em liberdade.
Existirá uma métrica com dono?
Como soa o protesto das palavras não usadas?
As escolhas são tão restritas quanto a ordem de um inconsciente voluntário “pseudo-amestrado”.
Escrevo, o que talvez articularia em fonia.
A voz tem o som de palavras que (en)cantam e comunicam vida. Fala do indizível, do horizonte que nasce e nunca morre perante as luzes que caem no seu leito e fazem o dia anoitecer.
É nesse naufrágio que mergulham e adormecem as palavras que folgam a magia de viver dentro de um sonho.
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