Não tenho escrito uma linha. Umas reticências, que seja… Já não há espaço
para palavras ocas, estéreis. Há uma resignação pontiaguda que aguça o engenho
da inércia, tão assertiva quanto possível ou… ainda mais…
Entrego a sonoplastia dos meus dias, aos ruídos que se cruzam com o
caminho onde vagueio, a voz já não se faz ouvir, silenciou-se na hecatombe que
me faz percorrer o vazio sozinha e a uma só voz – aquela que já não ouço e à
qual já não indago. Quis manter-me
à margem de tudo. Porquê? "I've looked at life from both sides now, from
up and down and still somehow..." Joni Mitchell, cantava em 'Both Sides,
Now'.
A vida é um jardim de formas imprevistas, cuja sombra se projecta a partir
de um tecto denso de árvores. Nessa sombra, nem sempre se alcança a luz.
Henry Miller disse que "Um destino não é um lugar, mas uma nova
maneira de ver as coisas". Justificaria antes, como sendo um ‘local’ de
esperança!
Com os olhos e o coração no céu, envolta por árvores e silêncio, o
calor dos dias escurece, ressurgindo em lua
morna… Ali, a vista parece infinita, sem obstáculos para transpor.
Ele e eu sentámo-nos no exterior, que também poderia ser o interior… As
paredes de vidro eram o agasalho do tempo…
E se os anjos caem do céu, também podem cair nas mais peculiares formas de
vida… Em última instância, é de vidas que precisamos para nos sustentarmos
diariamente.
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