20 setembro 2013

Sustento Esperança


Não tenho escrito uma linha. Umas reticências, que seja… Já não há espaço para palavras ocas, estéreis. Há uma resignação pontiaguda que aguça o engenho da inércia, tão assertiva quanto possível ou… ainda mais…

Entrego a sonoplastia dos meus dias, aos ruídos que se cruzam com o caminho onde vagueio, a voz já não se faz ouvir, silenciou-se na hecatombe que me faz percorrer o vazio sozinha e a uma só voz – aquela que já não ouço e à qual já não indago. Quis manter-me à margem de tudo. Porquê? "I've looked at life from both sides now, from up and down and still somehow..." Joni Mitchell, cantava em 'Both Sides, Now'.

A vida é um jardim de formas imprevistas, cuja sombra se projecta a partir de um tecto denso de árvores. Nessa sombra, nem sempre se alcança a luz.

Henry Miller disse que "Um destino não é um lugar, mas uma nova maneira de ver as coisas". Justificaria antes, como sendo um ‘local’ de esperança!

Com os olhos e o coração no céu, envolta por árvores e silêncio, o calor dos dias escurece, ressurgindo em lua morna… Ali, a vista parece infinita, sem obstáculos para transpor.  

Ele e eu sentámo-nos no exterior, que também poderia ser o interior… As paredes de vidro eram o agasalho do tempo…


E se os anjos caem do céu, também podem cair nas mais peculiares formas de vida… Em última instância, é de vidas que precisamos para nos sustentarmos diariamente.

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