Era uma vez, uma pomba que jazia na pedra que coabita com a brisa do mar e a areia que a si se estende.
O
pôr-do-sol seduziu-me a avistar o oceano de perto… No epicurista convite, deparei-me
com o ritual que trazia e levava ondas em total desapego…
Sentei-me
e fiz-lhe companhia, mas será que estaria eu a receber a companhia da silenciosa
morte? Pensava eu que estaria a ser inconveniente… Inoportuna, talvez… Foram
tantos os que se aproximaram junto daquele exemplar, que se a curiosidade
existe, acredito que possa ser a solidariedade com aquela alma, o fio condutor…
Já eu, permaneci!
Novos,
velhos, ninguém lhe ficou indiferente… Nos que se aproximaram… Uns acharam que
ela estava ali sossegada a meu lado, outros ficaram desiludidos pela sua quietude
funesta.
Houve
um senhor que há algum tempo observava, sentado, as movimentações e ‘peregrinações’
à pomba… Acabou por vir até ela, constatou a pior hipótese de perto. Comentou comigo,
como aquela ave ficou ali tão sossegada. Ao longe parecia viva pela forma como
estava aninhada. Achou curioso, como o macho lhe fez a corte e esteve em cima
dela, em diversas investidas – Qual abutre da espécie…? Qual macho bravo
primitivo? – Contemplou as anilhas que a levariam ao seu pombal… Ter-se-ia perdido
dos seus? Estaria em competição?
Disse-me
boa tarde e afastou-se…
Logo de
seguida um ‘canito’ latia junto do seu dono, que suavemente examinava a pomba. Foi
aí que vi que estava magoada junto a uma pata… Pousou-a, deixando-a à sua sorte…
Da brisa
veio o vento norte furioso, que me expulsou da vigília involuntária.
Não
cheguei a ver o sol a pôr-se. Aqui, nem o santo patrono das causas desesperadas
e, ou perdidas interveio… Há momentos assim: “- fatais como o destino!” Como a
minha mãe costuma dizer!
Amanhã
será outro dia. Este, já não voa mais.
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