05 março 2007

The other side...


Afastei-a do rosto...
Já a tinha usado vezes demasiadas.
Estava gasta.
Escondia atrás dela os meus sentimentos mais puros...
Não queria ser transparente.
Preferia ser fria e cruel, para não causar nenhuma ligação mais próxima.
Já tinha sofrido muito por ter tirado a máscara cedo demais...
Insensível, dura...
Chamaram-me muitas vezes, mas essa era a máscara que me cobria as emoções mais fortes e já não a uso mais.
Se quero chorar, choro...
Se quero sorrir, sorrio...
Se quero aproximar-me, aproximo-me...
Se quero amar, amo...
Se quero tocar, toco...
Deixei-me de convenções e apoteoses gritantes.
Precisava que vissem como sou... EU...
Não mais vou querer aquela máscara.
Vai directa para o fundo do baú mais escuro e mais distante da minha memória...
Quero esquecer-me que a usei...
Que amei...
Que sofri...
Que me conheci como não sou.
Sábia do tempo... Escrevi na minha alma cada momento que respirei neste caótico limite.
Sem querer vacilar nas memórias... socorro-me de imagens que guardei e anexei a testemunhos de vida...
Acho que apenas soube amar o desconhecido por me fazer sonhar...
Não errei. Vivi...
O que resta desse amor, não sei...
Talvez inclua de novo alguma paixão e obedeça firmemente às palavras que não quis ouvir, aos desejos que não quis sentir...
Ao inferno do Amor... mesmo que delire e cause dor...
Não creio que me afaste de mim.
Não creio em mudança nesse campo...
A máscara já está longe da vista...
E inutilizar-se-á com o tempo...
Eu continuarei aqui cada vez mais radiante por ter direito à magia duma vida digna, coerente e sincera.

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