15 março 2008

(Re)petição...


Fui aproveitar o sol e o calor que trouxe comigo.
Caminhei com a saudade, respirei a tristeza, alberguei em mim a piedade em tom de compaixão enlouquecida a vaporizar as minhas vísceras...
Não sei onde anda a força que costumava habitar-me.
O sofrimento tem-me batido à porta.
Deixo-o entrar, mas recuso-me que ele se instale confortavelmente.

Cada passo parecia um reencontro com as minhas origens.
Conhecia de cor a brisa que me batia no rosto. Era um perfume que sempre vivera junto a mim pela frequência que me levava até ele.
Do lado de lá do muro, a areia escondia-se no rastejo das réstias de ondas do mar…
Ele perdia-se na areia, submisso…
Tal como a avestruz, o mar enterrava-se na areia de cabeça e sem vacilar…
E eu? Se me escondesse como a avestruz, se me enterrasse evaporando como acontece ao mar, teria resolvido as tormentas?
A simplicidade de um ‘sim’ ou dum ‘não’ em discurso directo corrói-me os pensamentos que não quero ter, mas que sinto não poder resolver no imediato.
Que o tempo resolva por mim…
Se a chuva vier, que percorra todo o meu corpo.
Um raio de sol ou uma forte rajada de vento puros… encarregar-se-ão de me devolver à normalidade… mesmo que tenha atravessado uma revolução.
O meu corpo vai libertar os suores de enfermidade e nele submergirá a conquista.
Voltarei ao plano de Fénix.
A renovação e a revolução são uma constante em mim.

Cheguei junto do carro.
Pus o cinto. Parti.
Sentia-me atordoada, mas revigorada.
Por mais que quisesse definir o que acabara de acontecer, não conseguia.
Estava longe de pensar que os finais são como o tempo: imprevisíveis, mas necessários.

1 comentário:

Misantrofiado disse...

Já está a acontecer... a revolução, essa renovação ansiada no disfarce consciente de um tempo que não é tempo.

Já quanto aos finais, esses sempre me suspiraram os recomeços, através de um murmúrio quase secreto, libidiado no tímpano.