03 abril 2008

Whatever...


Não corre brisa de vento.
Acho-me no sítio onde troquei o meu primeiro beijo.
O rapaz amava-me.
Eu, queria apenas sentir um beijo, o primeiro.
Foi uma sensação estranha, mas inclassificável.
Hoje estou aqui. Sozinha.
Não há lua bonita, nem estrelas. Apenas o areal, o mar e as lufadas quentes de verão, mas fora de época.
Acabara de vir duma sala de cinema. As mensagens do filme ainda entoavam na minha cabeça, talvez tenha transposto a minha vida naquela história de aproximadamente duas horas. Já é costume.
Quando um capítulo termina, há muitos outros para viver, retive.
Os meus pensamentos conspiravam contra a minha razão dedutiva, pois por mais pontos finais que coloque, a pontuação não corresponde ao que o coração sente.
A noite já pesava, as luzes alumiavam as ruas desertas, as músicas que trazia no rádio lembravam-me fantasmas e almas penadas, como quem recorda cada momento que a saudade alcança. A cada tema calmo e melodioso, imbuía-me na paz do mar bravo ali do lado com a passividade da areia e o ardor daquele termómetro nocturno. Brotava o querer desmesurado, num ponto da vista em que sai um líquido meio apurado de sal que não posso antever se algum dia fez sentido. Sem querer, elas caíam. Uma a uma, em queda livre abismal.
Das poucas certezas que tinha, uma era vital e certeira: os pontos finais não podem ser interrogações.
Tudo passa pelo ponto da vista em que nos concentramos. Não dizem que o amor é cego?
Se formos por aí eu quero isso a que chamamos amor. A vida tratará de amalgamar os outros sentidos.
Às vezes não precisamos mais nada.
Apenas alguém que nos faça companhia e leve embora a solidão e a isso também se chama amizade…
A compreensão da simplicidade desta constatação é clara, mas de tão subtil é quase sempre errada. Como diz Lavoisier: "nada se perde tudo se transforma", e desta feita esta compreensão não foge à regra.
É por isso que a cada dia que passa enalteço o meu sofázinho, porque ele é um bom amigo! Digo-o sem ter medo de represálias. Ele tem a capacidade de perceber que uma mulher tem sentimentos, estendendo-se de imediato de braços abertos para me acolher, sem reservas e sem pensar com a ‘consciência’ que me afasta. Sim. É uma indirecta perceptível à incompreensão deliberada de qualquer ser humano de sexo masculino.
Estou a ser sexista?!
Whatever.

5 comentários:

Misantrofiado disse...

"nada se perde tudo se transforma", até na mais pequena ilha dos Açores, eu já ouvi esta citação. Obviamente proferida na mais plena ignorância ou, adequada a uma circunstancia muito particular e nada associada.
Ok, eu não esqueço a pluralidade de todas as coisas e, sou o primeiro a apontar a múltipla perspectivação que em quase tudo existe (eu escrevi quase).
Pouco importa se sei o que estou a dizer ou se é pura irreverência, como tu própria dizes “whatever”. Pessoalmente, prefiro dizer “que se foda”, é mais luso.
Sexista? Hum… talvez. Aprendi que cada um de nós manifesta ambos os sexos. Eu reconheço as duas naturezas em mim e identifico-as com extrema facilidade através dos tais momentos da vida.
Sou tão homem quanto mulher, apesar de revelar indubitavelmente apenas um físico.
Talvez por isto raramente me sinta só quando sozinho.
Não te digo “whatever” porque estou tão simplesmente a fazer-te companhia.

Eldazinha disse...

Obrigada pela companhia é sempre Bem-vinda! Tu sabes!

Anónimo disse...

Gostava de fazer um comentário sensível ao post de hoje... Mas fico-me pela questão do beijo e... Elda, preciso dizer mais alguma coisa???... És a maior babe. lolll Beijinhos Juliana

Anónimo disse...

Encontrei o teu blog hoje… e não pares de escrever! Pois tenho a certeza que o mais reles humano desprovido de sentimentos, se te lesse sentiria vergonha de nada ter sentido até então. Vou andando por aqui se não te importares…

Eldazinha disse...

Volte sempre! Será sempre bem-vindo/a!