22 julho 2008

Vens?

Já não encontro o tempo que devia existir entre nós.
A distância vulnerabiliza-me os sentidos.
Inviabiliza os meus pensamentos e prende os meus movimentos.
É de prisão que falo, uma prisão voluntária.
Sou prisioneira duma devassa vontade de te viver.
Do teu toque pouco recordo.
Foi acanhado, quiçá contrafeito...
Parece que a hora de visita, desta vez é mais dolorosa de ultrapassar.
Vens? Vens mesmo?
Por mais que te tenha por dúvida, por mais passageira que seja a tua demora, agarro-me ao sentir desses braços que me enlaçam a alma docemente.
A tua postura é ausente, escrava da tua vida.
Aí, já nem eu sei quem realmente precisa soltar-se das amarras, das algemas impunes e inquisidoras da vontade de ser.
Ser alguma coisa.
Quero ser fantasma, quero ser levada até ti.
Percorrer-te a vida sem limitações, sem demoras.
Sonho-te minha autoridade divina.
Faz-me deusa dos teus intentos.
Acha-me, vã esperança,
Que o esgar latente do meu rosto apenas tu tens o dom de decifrar com clareza.

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