08 junho 2010

Clã de amores da Lua


Oh Lua… que te fizeste mãe e mulher de todas as noites…
Oh lua… cheia… de graça…
Traz-me de volta o calor e a explosão de metamorfoses de mim…
Calibra-me as energias que de tão desfeitas não têm qualquer lado… positivo ou negativo…
Que a minha vida se ainda o é, é um ninho de nada…
(Gosto do dramatismo destas desconexas palavras trôpegas e autodestrutivas.)
Gostos dos eixos enquanto extremos latentes duma personalidade infame e desproporcional, filha da demência dum dia-a-dia, sem dia, sem noite, sem fio de claridade diurna de tão adormecidas que andam as pupilas… por trás de uma invisibilidade qualquer que visa aumentar a qualidade da visão.
- Mas de que visão falas?
- Daquela que conquantas vezes nada se enxerga… e a que a argúcia de um cego não falha…
Lua cheia de mim…
Lua cheia de vaidade…
Que as tuas fases não mais me dominem as vontades…
Que a culpa tem que pertencer a alguém.
Se mingas… minguo eu também… nas forças que se perdem de mim…
Se és nova… renovas-te… a cada dia, como se fosses capaz de renascer… todos os meses… cada vez mais bela… e intensa…
Esse ritual não te incomoda? Vens e vais… e voltas sempre…
És imensamente fiel…
Tens a tua fase crescente, resplandecente…
Em que a cada proporção te inundas de perfeição.
Quanta luz irradias?
Quantos incapazes acompanhas?
(Ooops… Acho que pensei um pouco alto ou a voz transformou-se em palavras gritadas…)
Quanta clarividência trazes às mentes mais despertas pela solidão da noite?
Quantas almofadas percorres, num transtorno de insónias?
Será que dormes à noite comigo ou te deixas conspurcar por todos os leitos…?
O meu ciúme será por ti contabilizado?
Acho que a nossa cumplicidade se perdeu…
Devolve-ma… Na omnipotência que te preenche de luz…
Que se faz escorrer pela escuridão de tantas noites densas…
Já vai alta a noite.
Já não tenho horas que se assemelhem a uma noite bem dormida…
Vou viajar pelos sonhos… se ainda tiver alguns por sonhar…
Espero encontrar a graça ou a desgraça de uma lua cheia de sonhos ou de um sonho singular desconcertante... (mas no bom sentido!)

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