01 junho 2008

A(guardo-te)...


Parei o carro desajeitadamente.
Alguns rochedos e pouco areal separavam-me das ondas do mar e do seu carpir voluptuoso aliado do do vento…
Conduzi-me àquele sítio.
A meu lado erguia-se um símbolo que me habituei a suportar: - Uma cruz.
Juntamente, uma minúscula ermida.
As rochas afastavam-na do mar, que quando feroz, a salpica.
A noite já vai acometida… de horas…
Procuro estrelas, mas poucas alcanço no imenso céu.
Na rádio, um concerto em directo, duma banda dos anos 80: e “I’ll be there for You”, soava.
Ao passo que a melodia avançava, uma imensa solidão caiada de tristeza apoderou-se de mim levando-me às lágrimas.
Vários pensamentos díspares, se confundiam na minha cabeça.
A maquilhagem, posta estrategicamente, não sobreviveu ao pranto escorreito.
Também, ninguém avistava o meu rosto, cercado pela vaga de penumbra e da triste escuridão.
Em algum lugar estará alguém à minha espera, mas ali e naquele momento, estava personificado o vazio, juntamente de várias vozes difusas e mescladas, que me recordavam a beleza e a relevância que a música me ocupa.
O tempo passou… vulgar e demoníaco.
Encontrei alguma paz e parti.
Próxima paragem?
- O sono e os sonhos.

Aguardavam-me.

4 comentários:

Misantrofiado disse...

Antes de mais, excelente imagem essa tua.

"O sono e os sonhos"!!! Bom... agora parece-me que escrevi quase adivinhando o que irias escrever após. Aposto que sabes a que me refiro (por esta altura).
Estiveste na minha casa! Será que te senti?
Adorei a escrita.
"A maquilhagem, posta estrategicamente, não sobreviveu ao pranto escorreito" por exemplo.

Inspiras-me.

Anónimo disse...

Também estive a ouvir esse concerto e essa música nesse momento.

Paulo

Eldazinha disse...

Corvo Negro:

tu é que me inspiras e tu sabe-lo!

Eldazinha disse...

Paulo:

Pois a música movimenta... multidões díspares... mas que se reencontram muitas vezes por causa da 'nossa' rádio!

Obrigada pela visita!