19 junho 2008

'Prison Break'


A clausura tomou conta da minha vida.
A cadeia dos sentidos, cada vez menos deixa ver os raios de sol.
‘O sol quando nasce é para todos, mas nem todos o aproveitam.’
Eu deixei de o aproveitar.
Estou farta da sua luz.
A ténue penumbra avista-se delicada e sincera.
Estou com fome de vida e sequiosa de existir.
Antevejo-me como um nada vivo, com membros que se movimentam desleixados e sem energia.
As minhas mãos estão imobilizadas.
De tanto perderem, já nada agarram.
Antes garras, hoje mão cheia de areia a esvair-se por entre os dedos.
Apoio-me no sabor do nada.
Salvaguardo-me no silêncio.
Aproximo-me da minha escura solidão.
Algemaram-me a esperança.
Cumpro pena perpétua.
Não tenho forças para abranger a condicional.
Ou de ver-me na sua liberdade.
Presa, amarrada, acorrentada ao passado.
Espraio-me na sombra que me sofre.
É sempre preciso um passado, para cair na prisão do presente.

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