13 julho 2006

ELA

Ela...
Ela sempre foi a minha companhia, quiçá um grande amor, uma grande paixão... a minha condição.
Ela chamava-me e lá estava eu... sempre presente...
Ela acompanhava-me em todos os meus momentos...
Ela soube ser a número 1...
Queria-a sempre por perto, porque precisava dela demasiado. Quase dependia dela... mas ia-a tendo... E isso bastava-me.
Com o tempo... Ela foi assumindo um papel cada vez mais próximo... Do mesmo modo afastou-se... Estava ali simplesmente... todos os dias, todas as horas... O tempo multiplicava-se... Já não a reconhecia... A crise instalou-se.
Já não sabia lidar com Ela. Não era com aquilo que eu havia sonhado grande parte da minha vida...
Aquilo que era sonho, já se chamava pesadelo há tanto tempo... mas eu não conseguia enxergar... E quanto mais afundava, mais todos os abismos se aproximavam...
Cheguei a ponderar a minha condição naquele momento...
Ela já não me fazia feliz.
Prendera-me...
Angustiava-me...
Quase adoeci... E a loucura aproximava-se...
Porque me magoava tanto?
Porque é que eu insistia?
Há quanto tempo já perdurava aquela situação?
Porque não via?
Porque perdi subitamente os sentidos?
Que insanidade era aquela demasiadamente invulgar que me asfixiava?!

Porque me fazia tão mal pensar nela?
Porque me fazia tão mal, se sempre foi Ela o que mais quis?
Aproximei-me dela, mas a sua repulsa era manifestamente a sua prioridade.
Sentia que estava com as ideias às avessas.
Sentia que tudo perdia o sentido...
E quanto mais perdida... menos forças tinha para continuar esta luta desleal...
Quanto mais tempo iria suportar aquele estado?
Que vazio sentia...
Até agora, ninguém o preencheu...
Eu decidi lutar...
Eu decidi viver...
Mesmo assim Ela continuou a fazer tudo por tudo para me derrotar...
Que tortura impetuosa.
E porquê? Se sempre nos demos tão bem...
O que se passou de errado? Não sei...
Hoje estou mais forte e segura...
Ela já não me mete medo...
Ela é importante, sem dúvida, mas revi prioridades...
E foi assim que eu conquistei o meu sorriso...
E fiquei capaz de conquistar o mundo...
E o mundo pertence aos sonhos que excluem carências...
E eu? Eu só queria estar ali a observar a lua... Aquecida pelo tempo, no meu mundo de sonhos... da imaginação... das palavras... da vida que há em mim... cheia de vontade de erguer o castelo mais penoso...
As palavras que ficaram?
Eu e as palavras damo-nos bem. O segredo? Não nos cobramos.
É essa nossa cumplicidade que tanto nos move.
Voltar a Ela?
Todos os dias. Pois preciso dela... mais e mais...
E se dantes ali chovia...
Agora afastei todas as nuvens... e encontrei os meus ideais.
Vejo-a de forma diferente...
Já não sei, por isso, muito bem como lhe hei-de chamar.
Ela? Sempre Ela.
Mas quem é Ela?
Ela podia ser uma pessoa, mas chama-se solidão.

2 comentários:

troianaa disse...

A solidão... faz parte do nosso dia a dia, precisamos e tememo-la. È incrivel como num momento tanto imploramos por ela como no seguinte a repudiamos e nem a queremos sequer sentir.
Já passei por ambos os momentos, quase todos os dias lido com a necessidade ou o excesso dela. Agora soube equilibrar as coisas, ela fica ali no cantinho dela e quando preciso dela vou buscá-la. Porque faz bem assim, porque precisamos de saber manter o espaço nesta nossa relação tão estranha.
Adorei este teu etxto, tá um mimo... E tu escreves tão bem amiga :)
Escreve, sempre...

Anónimo disse...

além d solidão eu dava-lhe outros nomes, mas isso sou apenas eu.
a solidão é o q resta no final qd o ódio, a raiva, a incerteza já eram e as lagrimas secaram...

*s