01 junho 2008

A(guardo-te)...


Parei o carro desajeitadamente.
Alguns rochedos e pouco areal separavam-me das ondas do mar e do seu carpir voluptuoso aliado do do vento…
Conduzi-me àquele sítio.
A meu lado erguia-se um símbolo que me habituei a suportar: - Uma cruz.
Juntamente, uma minúscula ermida.
As rochas afastavam-na do mar, que quando feroz, a salpica.
A noite já vai acometida… de horas…
Procuro estrelas, mas poucas alcanço no imenso céu.
Na rádio, um concerto em directo, duma banda dos anos 80: e “I’ll be there for You”, soava.
Ao passo que a melodia avançava, uma imensa solidão caiada de tristeza apoderou-se de mim levando-me às lágrimas.
Vários pensamentos díspares, se confundiam na minha cabeça.
A maquilhagem, posta estrategicamente, não sobreviveu ao pranto escorreito.
Também, ninguém avistava o meu rosto, cercado pela vaga de penumbra e da triste escuridão.
Em algum lugar estará alguém à minha espera, mas ali e naquele momento, estava personificado o vazio, juntamente de várias vozes difusas e mescladas, que me recordavam a beleza e a relevância que a música me ocupa.
O tempo passou… vulgar e demoníaco.
Encontrei alguma paz e parti.
Próxima paragem?
- O sono e os sonhos.

Aguardavam-me.

25 maio 2008

Pontos

Precisava marcar pontos.
Não aqueles que se ganham nos campeonatos, mas aqueles que suturam os cortes da vida ou até mesmo da alma.
Mais do que pontos, eram finais.
Pontos finais.
Só com eles suturados cicatrizados podia ter uma vida melhor e paz interior.
Comecei, assim, a somar pontos, tais quais reticências indefinidas…
Acho que o que faltava mesmo era um pontapé de saída.
E esse, parece-me que foi dado.

“A grandeza de um ideal não está em atingi-lo, mas em lutar por ele.”
Juan José Medina

21 maio 2008

ENCONTRO


Porque mal conheces o meu nome, mas conheces o meu olhar…?
Avistar a esperança com os olhos do coração é gratificante.
Igual ou maior que a solidariedade que somos capazes de oferecer!
Longe ou perto, o que interessa é o que representamos de igual para igual.
Passei uma tarde de domingo num encontro. Encontro entre mim e as palavras, não as que digo, nem as que escrevo, mas as que alguém escreveu para mim. Para todo o universo.
Retive um pensamento simpático: “Tenha a serenidade para aceitar o que não pode mudar, a coragem de mudar o que pode e, sobretudo, a sabedoria de conhecer a diferença.” pp.144 in voltar a encontrar-te, do francês Marc Levy
Acho que vai de encontro a algo, que outro dia me ocorreu, em relação à desistência de lutar pelos sonhos. “Desistir dos sonhos nunca, mas enquanto eles não chegam à noite… o próprio dia tem que (es)correr…” afirmei.
Nem que seja, ao arrancar uma página do calendário e avistar a próxima, tentando escrevê-la da maneira mais sincera.
Posso colocar também a questão, porque vou dormir se não tenho que acordar?
Se a motivação for assim tão grande, perco tempo só a pensar. Gasto palavras, que articuladas, não se gostam de encontrar.
Da estória, achei bonito identificar uma pessoa com um local.
Torna-a dona dele… e todas as recordações se afiguram mais doces… e menos voláteis…
Acontece-me várias vezes identificar, pessoas, locais, perfumes, palavras, gestos, rostos, expressões, no baú das recordações…
São essas que encontro. Sorrio. E é como se as vivesse novamente.
Quando ‘acordo’ e volto a mim sei que estive longe, mas tremendamente perto.
O meu ar pensativo demonstra a longevidade do momento.
Senti tudo como na primeira vez…
Não é à toa que Massilon escreve que “a inocência está sempre rodeada do seu próprio brilho.” Ou que: “a alegria é a coisa mais séria da vida.” (Almada Negreiros)
Se a inocência tem brilho e a alegria é séria, também a seriedade da inocência não deve ser posta em causa, assim como a alegria tem imenso brilho…

“Acreditar em algo e não o viver é desonesto.”
Gandhi

Há dúvidas?
Deste lado não.

28 abril 2008

ODE À ELENTARI

SE EU PUDESSE

Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
Seria mais feliz um momento...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...

Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva...

O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja...

21 abril 2008

stretno moj prijatelj *


Apetecia-me desenhar.
Não almejava uma obra de arte, apenas um pedaço de imaginação, ou um ‘eu’ distorcido.
Comecei o esboço e um rosto tomava contornos.
Eram contornos a preto e branco, talvez cinza, para ser mais precisa, devido ao carvão.
O avanço era pouco cromático por imprecisão da expressão que queria criar no retrato.
A paleta de cores, que ainda não tinha usado estava ali para colorir…
O cavalete segurava o meu retrato, inibido de cor.
A cada traço que delineava, ia encontrando uma imagem familiar.
Eram, na verdade, os riscos que corria.
A anulação de cor era vestígio dos dias cinzentos e macambúzios que me socorriam, quando mais ninguém tinha essa capacidade.
E de repente surgia novamente a omissão da paleta:
A paleta de cores estava ali para colorir…
Optei por deixar o rosto em primeiro plano, não ousei que os cabelos encobrissem a personalidade do desenho.
A sobrancelha, esguia, alinhava-se pelo olhar; vasto, incisivo, num toque indeciso ou longínquo. Definitivamente profundo.
As horas tinham passado em flecha, ainda que sem alvo e anoitecera.
A luz da lua iluminava o meu retrato. O foco da lua cheia era suficiente para me alumiar as ideias. Faltava pouco ou provavelmente muito, para terminá-lo.
As dúvidas atormentavam-me a composição da expressão e definição dos lábios. Estava disposta a rasgar um sorriso. Podia entreabri-los para confirmar o olhar. Queria eternizar o que a morte vai levar de mim.
Mais uma vez a indefinição abeirou-se-me, pela falta de cor.
Seria um desenho inacabado?
Ou uma manifestação cinzenta duma imagem que recriei.
Não estava a ser original.
(Re) conhecia-me, não na plenitude, mas na forma.
“A paleta de cores estava ali para colorir…”
Esse alcance fazia-me contrariar a vontade de avivar, aquele ser apagado e sem vida.
E tantas vezes passamos pela vida sem pegarmos nas cores, para a colorirmos, que subitamente encontrei alguma coragem e parti, na sua direcção. (pensei: se a coragem é gratuita porque é que estamos sucessivamente a escutar a frase: “Não tenho coragem”? ou mais errado ainda, a proferi-la?)
As tintas da paleta tinham secado, por isso refresquei-a com a textura e o odor, a fresco, a renovado.
Ostracizei a minha vontade, porque nem sempre ela me cumpre.
Dei-lhe cor, como se lhe tivesse dado vida.
Deleguei ao desenho o poder de transformação que me pertence.
Era um retrato de mulher.
Único.
Meu.
A sombra desapareceu.
E, o mundo das cores reproduziu-se. Uma única paleta não admitia tamanha diversidade cromática.
Se da noite brotam estrelas, nem ela gosta do vazio, da solidão, da escuridão.
A luz que erradia a vida é, por vezes, encoberta.
Destapo-a e ela toma o meu rumo.
Enquanto vaticínio, aceito-a.
Afinal, sobejamente, dizem que ‘há sempre uma luz ao fim do túnel’.

“Se não conseguimos encontrar contentamento em nós próprios, é inútil procurá-lo noutro lado.” (La Rouchefoucauld)


stretno moj prijatelj *


* “boa sorte” em Croata

12 abril 2008

Ideias ou ideais?

A Ideia

Força é pois ir buscar outro caminho!
Lançar o arco de outra nova ponte
Por onde a alma passe – e um alto monte
Aonde se abra à luz o nosso ninho.

Se nos negam aqui o pão e o vinho,
Avante! é largo, imenso, esse horizonte…
Não, não se fecha o Mundo! e além, defronte,
E em toda a parte há luz, vida e carinho!

Avante! os mortos ficarão sepultos…
Mas os vivos que sigam, sacudindo
Como o pó da estrada os velhos cultos!

Doce e brando era o seio de Jesus…
Que importa? havemos de passar, seguindo,
Se além do seio dele houver mais luz!


Antero de Quental
N: Ponta Delgada (Açores), 18-04-1842;
M: Ponta Delgada, 11-09-1891


(A ‘ideia’ até que é boa!)

03 abril 2008

Whatever...


Não corre brisa de vento.
Acho-me no sítio onde troquei o meu primeiro beijo.
O rapaz amava-me.
Eu, queria apenas sentir um beijo, o primeiro.
Foi uma sensação estranha, mas inclassificável.
Hoje estou aqui. Sozinha.
Não há lua bonita, nem estrelas. Apenas o areal, o mar e as lufadas quentes de verão, mas fora de época.
Acabara de vir duma sala de cinema. As mensagens do filme ainda entoavam na minha cabeça, talvez tenha transposto a minha vida naquela história de aproximadamente duas horas. Já é costume.
Quando um capítulo termina, há muitos outros para viver, retive.
Os meus pensamentos conspiravam contra a minha razão dedutiva, pois por mais pontos finais que coloque, a pontuação não corresponde ao que o coração sente.
A noite já pesava, as luzes alumiavam as ruas desertas, as músicas que trazia no rádio lembravam-me fantasmas e almas penadas, como quem recorda cada momento que a saudade alcança. A cada tema calmo e melodioso, imbuía-me na paz do mar bravo ali do lado com a passividade da areia e o ardor daquele termómetro nocturno. Brotava o querer desmesurado, num ponto da vista em que sai um líquido meio apurado de sal que não posso antever se algum dia fez sentido. Sem querer, elas caíam. Uma a uma, em queda livre abismal.
Das poucas certezas que tinha, uma era vital e certeira: os pontos finais não podem ser interrogações.
Tudo passa pelo ponto da vista em que nos concentramos. Não dizem que o amor é cego?
Se formos por aí eu quero isso a que chamamos amor. A vida tratará de amalgamar os outros sentidos.
Às vezes não precisamos mais nada.
Apenas alguém que nos faça companhia e leve embora a solidão e a isso também se chama amizade…
A compreensão da simplicidade desta constatação é clara, mas de tão subtil é quase sempre errada. Como diz Lavoisier: "nada se perde tudo se transforma", e desta feita esta compreensão não foge à regra.
É por isso que a cada dia que passa enalteço o meu sofázinho, porque ele é um bom amigo! Digo-o sem ter medo de represálias. Ele tem a capacidade de perceber que uma mulher tem sentimentos, estendendo-se de imediato de braços abertos para me acolher, sem reservas e sem pensar com a ‘consciência’ que me afasta. Sim. É uma indirecta perceptível à incompreensão deliberada de qualquer ser humano de sexo masculino.
Estou a ser sexista?!
Whatever.

02 abril 2008

Mentiras no dia delas... (1 de Abril)


Quero mentiras doces.
Mentiras de amor feroz e inexplicável.
Mentiras em que o meu corpo fica despido e no teu envolvido, recrio imagens do desejo.
Mentiras pragmáticas em que renego a verdade.
Mentiras em que crucifico a minha paz pelo sabor a ti.
“A vida é curta, é sonho de um momento.” (Bernardo Guimarães)
Os sonhos acordam em mim a pessoa que sou.
Apenas existo em sonhos,
Apenas existo em momentos…
Sinto este murmúrio falacioso a cruzar-se com a minha sombra exasperada.
Quero chamar Viver a cada sonho que cumpro.
A vida é realmente curta, para quem não sonha num único momento dela.
“Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso.” (Fernando Pessoa)
Por isso é que os sonhos têm um tamanho incomensurável.
Correspondem à identidade e à mais fútil proximidade que temos connosco.
“Para ser grande sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa.“ (Fernando Pessoa)
Ser-se Único. Todos os dias da nossa vida… Sem temermos que cada atitude, gesto ou palavra tenha sido em vão… somente assim nos cumpriremos na íntegra.
“Integridade é fazer-se aquilo que está certo, mesmo que ninguém esteja a ver.” (Jim Stovall)
E, a humildade pode chegar a este ponto.
No fundo, a mensagem a transmitir fala de amor:
“Que eu tenha peso e medida em tudo… menos no amor.” (Balaguer)
Até porque: “A pior das prisões é um coração fechado.” (João Paulo II)
Subscrevo.
E se for mentira, dar-lhe-ei todo o crédito.

24 março 2008

One side of the story...


Chorei cada imagem que via…
E chorava compulsivamente…
Cada fragmento levava-me ao sufoco, à tortura de ver destruído o cenário do nosso amor…
Onde tantas vezes adormecemos embalados pelo som das ondas.
Era o teu ‘cantinho’…
E partilhava-lo comigo…
Vivemos o desejo…
Transpiramos o calor do nosso fogo…
Que ardia…
Fomos cúmplices do bater das ondas…
Que nos embalava na busca da entrega total àquele momento…
Gemíamos estridentemente e as nossas almas fundiam-se num só corpo…
Formara-se um eco na noite…
O eco do nosso amor…
A noite acompanha os amantes abrigando-nos…
Entregávamo-nos única e exclusivamente ao poder sobrenatural que nos unia…
Estávamos sob o capricho da paixão e do desejo…
A cada beijo que roubávamos um do outro.
Causa natural é o diagnóstico daquele avanço do mar…
Daquele óbito anunciado…
Os vários recantos onde tudo aconteceu…
Onde adormecemos…
Acordamos…
Amamos…
Nem as intempéries estão a meu favor.
Era exactamente ali…
E agora tudo ficou destruído…
O nosso ninho de amor está prestes a desaparecer…
Parece que não sobram réstias do nosso amor…
Todo o meu amor foi levado com fúria, a fúria da dissolução… de tudo.
Do amor que se fez,
Do amor que se teve e que se consumou na rebelião do calor de dois corpos mitigados de prazer… Gosto-te…
Hoje mais, amanhã mais e depois de amanhã ainda mais…
Aumentará sempre o meu sentimento por ti…
Perdi-te…eu sei…
Talvez um dia desses redescubra o amor noutros olhos e noutro sorriso…
(Aguardo que sejas Tu…)

20 março 2008

A(ti)ngida pelas palavras...


Encaro as palavras como um pedaço de mim. A interpretação que delas faço vai muito mais além daquilo que o seu significado pobre e frágil transmite a ouvidos ou olhos desatentos.
Já me proibi de escrever ou tentar representar em meras palavras imbuídas de trejeitos, sensações compensatórias que em mim se desvanecem por senti-las tão veementemente.
Chamo de lúgubres, as imagens que povoam a solidão de um corpo. Fazem-me lembrar as paisagens submersas num inconsciente denso, meticuloso e escuro de incompreensão.
Uma penumbra obsessiva.
Um abismo pessoal constante.
Um absolutismo que, macambúzio, vagueia só no narcisismo inconsequente do desejo.
Tatuo máscaras duma personalidade não assumida por falta da energia e da luminosidade dum existencialismo profícuo, com tendência ao retrocesso cultivado.
Não se pode exigir o que nunca se teve.
Gosto de apagar-me a cada dia que passa para renascer entusiasticamente de seguida.
É gratificante ouvir este silêncio em tom de melodia que tem tanto de discrepante como de obtuso…
Parece que a nossa ténue existência é em vão quando o paradoxo se transforma na questão do desaparecimento.
Quais as formas da minha ausência, do meu fim?
A água cai e faz uma visita guiada pelo meu rosto perdendo-se, sem rasto, no infinito de dúvidas expiatórias.
Regresso, tolerante aos vocábulos que dou vida e que são excepcionalmente usados.
Descrevo, por exemplo, a imagem dum arco-íris prostrado num verde genuíno e eloquente…
O trivial não me interessa. Está absorto de mim…
Atinges-me?

15 março 2008

(Re)petição...


Fui aproveitar o sol e o calor que trouxe comigo.
Caminhei com a saudade, respirei a tristeza, alberguei em mim a piedade em tom de compaixão enlouquecida a vaporizar as minhas vísceras...
Não sei onde anda a força que costumava habitar-me.
O sofrimento tem-me batido à porta.
Deixo-o entrar, mas recuso-me que ele se instale confortavelmente.

Cada passo parecia um reencontro com as minhas origens.
Conhecia de cor a brisa que me batia no rosto. Era um perfume que sempre vivera junto a mim pela frequência que me levava até ele.
Do lado de lá do muro, a areia escondia-se no rastejo das réstias de ondas do mar…
Ele perdia-se na areia, submisso…
Tal como a avestruz, o mar enterrava-se na areia de cabeça e sem vacilar…
E eu? Se me escondesse como a avestruz, se me enterrasse evaporando como acontece ao mar, teria resolvido as tormentas?
A simplicidade de um ‘sim’ ou dum ‘não’ em discurso directo corrói-me os pensamentos que não quero ter, mas que sinto não poder resolver no imediato.
Que o tempo resolva por mim…
Se a chuva vier, que percorra todo o meu corpo.
Um raio de sol ou uma forte rajada de vento puros… encarregar-se-ão de me devolver à normalidade… mesmo que tenha atravessado uma revolução.
O meu corpo vai libertar os suores de enfermidade e nele submergirá a conquista.
Voltarei ao plano de Fénix.
A renovação e a revolução são uma constante em mim.

Cheguei junto do carro.
Pus o cinto. Parti.
Sentia-me atordoada, mas revigorada.
Por mais que quisesse definir o que acabara de acontecer, não conseguia.
Estava longe de pensar que os finais são como o tempo: imprevisíveis, mas necessários.

20 fevereiro 2008

Hora de embarque...




Esta noite sonhei muito. Sonhei contigo, com os amigos, com os desconhecidos que me povoam a mente…
Sonhei que os meus desejos, não passam de desejos porque ainda não foram materializados…
Sonhei que o tempo é muito curto para tudo acontecer e isso acontece tanto nos sonhos como na vida real.
Tenho bastantes insights ou dejá vus… acho que já os recriei em sonhos.
Tantos sonhos… e a realidade permanece estática.
Depois de sonhar acordo e lembro-me de todos os sonhos que não passam disso: sonhos.
Às vezes acho que não vivo num mundo real;
Que as coisas demoram tempo demasiado a acontecer.
O tempo real deve ser diferente do meu…
Páro um segundo e adormeço…
Estou prestes a embarcar no mundo dos sonhos! Espero que apanhes o mesmo barco…
Quem sabe não se iniciará a NOSSA viagem…

“O tempo é o melhor Autor. Encontra sempre o final perfeito.”

(Charles Chaplin, na interpretação da sua própria personagem "Calvero" em "Luzes da Ribalta")

Que o Sol esteja sempre presente para aquecer o meu Coração


Para que serve o coração?
Até onde é que ele nos leva?

Ele bate leve e solto…
Alegre e compassado e no sobressalto das emoções que bata sempre com fervor…
Que seja preenchido de força para continuar a viver o amor…
Que não se esgota, não se cala, não se comporta…
Não se esquece…
Mas se o coração aquece…
O nosso sorriso permanece… estampado no rosto… no sabor e no gosto de exalar a felicidade…É bom senti-la dentro do peito e murmurá-la no brilho do olhar…

Empty space...

Além, quatro paredes vazias… caiadas num branco, amarelecido pelo tempo.
A humidade também marca presença escorrendo pequenas gotas pelas paredes em dias de chuva. O tecto e o chão são revestidos de madeira. Uma janela forrada de madeira ilumina este pequeno espaço cheio de nada. Terá o passado preenchido estas quatro paredes?
Terá a lâmpada que cai do tecto alumiado réstias de vida?
Fecho a porta. E aquele sítio tão vazio já não me incomoda.
Não quero entrar no vazio… pois talvez já nele viva.

12 fevereiro 2008

A minha história


Como acreditar em mim, como acredito em ti?
Sei que todos os sonhos são realizáveis, pois já provei um pouco do seu sabor.
Muito tempo passa para cortarmos as metas que nós traçamos…
O tempo que fica para trás parece uma eternidade e tudo o que alcançamos parece longínquo, distante e sem valor… mas sinto que no fundo não estive inerte… que vivi.
É uma espera tenebrosa. Na mala já levo a saudade e na viagem sei que vou percorrer o caminho dos sonhos, que é como quem diz: o caminho da felicidade.
É a minha vida.
É a única certeza que tenho.
As oportunidades falam-me em partidas, em chegadas e eu apenas sei que vou a caminho de construir uma história:
- A minha.
Os laços impedem os meus movimentos, mas a verdade é que ninguém é de ninguém, apesar de eu desejar que assim não fosse para poder achar mais rapidamente o sentido do Tu e do Eu.
Custa-me dar um passo.
Quando até passo pela vida a correr…
Dizem que para tudo há um tempo certo…
Mesmo para aquilo que não vai acontecer.
Talvez por isso, me sinta feliz, me sinta bem e tenha toda a paz de espírito necessária.
Obrigada.

04 fevereiro 2008

Deriva...


São lágrimas de ausência de paz.
Não mando em nada.
Nem em mim, nem na minha alma que vagueia…
Longe do meu querer…
Porque é que a tristeza me acompanha?
Sinto-a como uma sombra que não vai embora.
É uma dor corrosiva em que a melancolia trespassa os meus dias…
O meu viver…
Queria que os pontos de intercepção fossem mais claros.
Que a distância que não tenho entre os sentidos não me asfixiasse o pensamento.
Que a intensidade de acreditar fosse gradual aos meus desejos de ser...
O que vou sendo sem ser…

31 janeiro 2008

Esquecer...


Sei que tinha que vir.
Sei que era isso o que a minha intuição me dizia para fazer…
Mas estou cansada de esperar.
Cada hora,
Cada minuto,
Tornaram-se insuportáveis…
Sei que preciso de tempo.
E que convivo com o seu desespero de passar.
Não consigo pôr as mãos no fogo, porque já tenho a alma enregelada.
Desfaleço a cada dia pela angústia que teima em me destruir.
Não domino este impasse.
Não domino esta vida.
E é tudo isso o que não quero:
Esquecer-me de mim.

24 janeiro 2008

Quem és tu?


Quantas lágrimas chorarei mais por ti?
Que também me pertences.
Quantas lágrimas se largaram e largarão daqueles rostos cada vez mais frágeis e débeis?
Que apenas tu não reparas.
Quantas vezes terei que te dizer que estás errada?
Sem que tu o percebas.
Quantos erros sucessivos cometerás sem que os que ficaram para trás te tenham servido de exemplo?
Que exemplo darás a alguém se não o és para ninguém?
O que te custa ser honesta com o teu coração?
Porque o moldas à intransigência?
O que te faz ser tão cruel?
Se nunca ninguém o foi para ti.
Porque não deixas entrar no teu coração o afecto livre e sincero?
Porquê essa pedra, em vez dum bom coração?

Quem és tu?
Desconheço-te…

17 janeiro 2008

Paz

Tantas páginas escrevi no livro da vida… sem contar as que estão para a frente, nem querer rever as que ficaram para trás…
Identifico-me com o ambiente que me rodeia e a minha circunstância.
É o que acontece quando o coração nos governa o corpo e a alma.
Desejo encontrar a tranquilidade que começa a habitar-me e pensar que cada dia pode ser sereno e pleno de sentido…
Estou mais calma, o risco vale a pena e é isso que deixa viver o meu espírito em paz.

11 janeiro 2008

Choro D'alma


Tenho procurado portas que convidem à entrada…
Tenho entrado nas portas que me deixam espreitar…
Neste entra e sai… Tenho conhecido vultos de almas desconhecidas…
Tenho-as apanhado desprevenidas…
Assim como as ondas do mar…

Correndo o risco de ser inconveniente…
Passeio e quase que vagueio pelos caminhos que também são meus por pisá-los diariamente.

Respiro o mesmo ar saudável em que esvoaçam as aves e, os salpicos do mar vêm até mim num Inverno terno, quente e delicado…

Há fins que proporcionam recomeços.
Há meios que justificam a passagem.
Longe de certos endereços…
A cada dia transito na minha viagem…

Longe de tempos de gritos,
Perto dos meus silêncios…
Percorro essa estrada…
No meio, a encruzilhada…
Em que resolvo cada nó…
Vivendo só…

Acompanhada pela vaga alma que eu deixo viver…
As tormentas… Procuro esquecer…
Porque a vida tem o sabor suave de veneno…
Que torna o mundo mais pequeno…
Que o deixa desfalecer…

Ajustando memórias,
Conto as minhas histórias…
Que sussurram ao meu pensamento
Que cada lamento,
É o peso da hora,
É o peso da demora…
Duma alma que chora.